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20/03/2014
Exportação aos árabes pode ajudar economia brasileira
 
Em palestra na Câmara Árabe, o economista José Roberto Mendonça de Barros afirmou que o Brasil terá um ano difícil, mas a busca por mais mercados no exterior deve auxiliar.

São Paulo – A economia global continua a se recuperar e o crescimento está sendo impulsionado pelos países ricos. O Brasil, porém, deverá enfrentar um ano difícil devido às crises econômicas e políticas em nações emergentes e à seca que atinge o País. Uma forma de ter ganhos nesse cenário, segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros, é aumentar as exportações. “O Brasil vai sofrer muito e as exportações para outros destinos, quem sabe o Oriente Médio, passam a valer mais”, afirmou ele na terça-feira (18) durante a palestra Perspectivas da economia brasileira na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.

As previsões da MB Associados, consultoria da qual o economista é sócio-fundador, indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá crescer 1,6% neste ano e não mais do que 2% em 2015. A taxa de câmbio deverá encerrar 2014 com o dólar cotado a R$ 2,60 e a inflação oficial deverá ser de 6,5%, no limite da meta estabelecida pelo Banco Central.

Barros, Sallum (ao centro) e Rizkallah: chance de vender mais aos árabes

Barros observou que o governo brasileiro terá que administrar desafios no setor energético, que vive “uma situação extremamente complicada” por causa da falta de chuvas e do consumo em alta, e administrar a alta da inflação, que deverá ser pressionada pelos preços das commodities. Valores de produtos agrícolas estão subindo em decorrência da quebra de safra de culturas como a do café, por exemplo. Todos esses desafios chegam em ano eleitoral, em que o governo evita adotar mudanças que prejudiquem a população.

Além dos problemas no cenário interno, os países emergentes em crise devem prejudicar o Brasil. É o caso de perdas com os vizinhos Venezuela e Argentina, mas também devido a problemas políticos na Tailândia, Ucrânia e Turquia, e econômicos na África do Sul.

Uma das formas que o Brasil tem para enfrentar esses desafios, afirmou Barros, é ampliar suas relações comerciais com os outros países e exportar mais. Ao fim da palestra, ele disse à ANBA que existe espaço para aumentar as vendas às nações do Oriente Médio.

“O relacionamento com os árabes pode crescer porque esses países têm uma base econômica grande, possuem uma população relevante e são muito dependentes de produtos importados que o Brasil oferecer, especialmente alimentos, setor em que somos fortes”, disse Barros, que tem pós-doutorado em economia pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, foi professor da Universidade de São Paulo e secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998).

O presidente da Câmara Árabe, Marcelo Sallum, afirmou que as exportações brasileiras para os países árabes podem crescer e o empresariado deve olhar o setor externo como uma oportunidade. Ele disse também que o Brasil ainda enfrenta o embargo à carne bovina imposto pela Arábia Saudita e que esse desafio pode ser superado com a organização de uma missão empresarial acompanhada por um “alto integrante” do governo brasileiro.

Desempenho global

As estimativas de Barros para a economia mundial são de continuidade da recuperação nos Estados Unidos e no Japão, estabilidade no crescimento da China e uma retomada gradual na Zona do Euro. O Japão, afirmou Barros, está conseguindo enfrentar a deflação, que faz cair os preços dos produtos. A China enfrenta desafios políticos internos, mas mesmo assim deverá manter o crescimento em torno de 7,5%.

Plateia conheceu perspectivas para a economia

Já a Zona do Euro ainda tem economias em grandes dificuldades econômicas, como é o caso da Itália, com 12% de desemprego, e da Espanha, com 25%. Estes dois países, contudo, têm apresentado reações nos últimos meses. Mesmo assim, disse Barros, a moeda única tem se mostrado desvalorizada e favorável ao desempenho da estável economia alemã, mas não à Itália, por exemplo, que tem custo de produção maior, retração industrial e dificuldade de negociar suas dívidas, uma realidade que a Alemanha hoje desconhece.

A palestra de Barros atraiu aproximadamente 50 pessoas, entre empresários e executivos. Foi a primeira de 2014 do Ciclo de Palestras da Câmara Árabe, organizado pelo ex-diretor da instituição Mário Rizkallah.

Fonte: ANBA
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