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26/02/2013
Árabes são prioridade na exportação de lácteos
 
Depois de um "boom" na década passada, vendas brasileiras do setor caíram e muitas empresas saíram do mercado externo. Projeto pretende retomar negócios e cinco nações árabes estão na mira.

Dubai – O Brasil escolheu o mercado árabe como principal foco do projeto de retomada das exportações de lácteos, fruto de um convênio firmado recentemente pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Dos oito países escolhidos como alvos das ações de promoção, cinco são árabes: Argélia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Iraque. “O trabalho de inteligência comercial da Apex coincidiu com os interesses das empresas”, disse o analista da OCB e gerente do projeto, Gustavo Beduschi, que visita a Gulfood, feira do ramo de alimentos que começou nesta segunda-feira (25) em Dubai, nos Emirados. “São mercados interessantes mesmo”, acrescentou.

A procura por lácteos é grande na região e o assunto volta e meia surge quando se conversa com algum empresário local sobre as exportações brasileiras de alimentos e bebidas, como ocorreu com um empresário de Gaza, na Palestina, que disse ter interesse em importar produtos do ramo, ao passar pelo estande que a Câmara de Comércio Árabe Brasileira tem em parceria com a Apex na feira. O próprio diretor da mostra, Mark Napier, questionou a reportagem da ANBA sobre a produção de lácteos no Brasil.

A Gulfood e outros eventos no Oriente Médio já tiveram presença maciça de exportadores brasileiros de lácteos no passado, mas nos últimos anos muitas empresas saíram do mercado externo. Uma conjunção de fatores fez com que o Brasil passasse de importador líquido de leite para exportador ao longo da década passada, como problemas ocorridos em outros países fornecedores, demanda e preços em alta.

No entanto, com a crise financeira internacional e a valorização de real frente ao dólar, a rentabilidade das companhias exportadoras diminuiu e leite brasileiro passou a custar caro demais para um mercado deprimido. Para se ter uma ideia, o Brasil exportou o equivalente a US$ 120 milhões em lácteos no ano passado, segundo Beduschi, mas em 2008, ano em que a crise estourou, as vendas externas somaram US$ 541 milhões.

“A crise deu uma travada no mercado”, disse o executivo. “Agora precisamos ver o que fazer para manter o mercado internacional, que é interessante para nós. Não podemos só viver de momentos”, acrescentou.

Nesse sentido, o projeto pretende atacar duas frentes. A primeira é a promoção, com a realização de eventos, organização de missões e participação em feiras, como a Gulfood de 2014. A outra é na seara da produção, daí a parceria com o MDA. Beduschi lembra que o leite é fornecido principalmente por pequenos produtores. A ideia é fornecer meios para que eles ganhem produtividade e aumentem a qualidade do produto.

“A indústria depende do produtor para ter leite. Com um produto melhor, melhora também o rendimento da indústria e diminui o custo tanto para o mercado interno quanto para o externo”, observou o gerente.

O orçamento do projeto de lácteos é de R$ 2 milhões a serem investidos nos próximos dois anos. Beduschi disse que a primeira ação será levar um grupo de importadores ao Brasil em julho. Ele acrescentou que 11 empresas integram o projeto, mas o número deverá aumentar.

O objetivo é colocar as vendas externas em uma trajetória sustentável. “O setor de lácteos, se tiver estrutura, consegue se manter [no mercado externo]”, declarou o executivo.

Fico

Mas nem todas as empresas saíram do mercado internacional. É o caso da paulista Mococa, que expõe na Gulfood. “Nunca saímos, nossas exportações só cresceram desde então”, afirmou o diretor de comércio exterior da companhia, Sandro da Conceição, referindo-se ao momento em que a marca decidiu investir nas vendas externas, justamente em 2008. “No comércio exterior não dá para falar: ‘Eu vou sair’. Senão repetimos a história e trazemos má fama ao Brasil”, acrescentou.

Segundo ele, a diferença da Mococa é que ela não considera as exportações algo casuístico, conjuntural, mas estratégico para seus negócios. “Ainda temos espaço em algumas categorias”, declarou. A empresa vende ao exterior principalmente leite condensado. “Nosso modelo tem por objetivo um relacionamento de longo prazo com o mercado, fazemos um trabalho forte para mantê-lo”, garantiu.

Fonte: ANBA
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