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26/02/2013
Países do Golfo buscam eficiência
 
Economia de energia e de água, além da geração de empregos, vão nortear os negócios na região nos próximos anos, segundo Edmond O"Sullivan, presidente da MEED, empresa de mídia e pesquisa de mercado.

Dubai – Três tendências vão nortear as economias do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) nos próximos anos: eficiência energética, uso sustentável dos recursos hídricos e geração de empregos. A avaliação é de Edmond O’Sullivan, presidente da MEED, empresa de mídia e de pesquisas de mercados especializada na região, que participou nesta terça-feira (26) de um café da manhã com empresários, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

"A empresa que contemplar em sua proposta [de negócios] estas três tendências terá uma grande vantagem", afirmou Sullivan à ANBA. O evento ocorreu paralelamente à Gulfood, feira do ramo de alimentos que acontece no emirado e reuniu os expositores brasileiros com importadores. "Há um processo de transformação em curso na região", ressaltou. O GCC é formado por Arábia Saudita, Emirados, Catar, Bahrein, Kuwait e Omã.

No pilar da eficiência energética, os governos locais querem reduzir o consumo de petróleo e gás, especialmente para geração de eletricidade. A demanda está crescendo, mas os países pretendem destinar menos combustíveis para o mercado doméstico e mais para as exportações.

Daí o interesse em tecnologias e produtos que possibilitem geração, transmissão e consumo mais econômicos. Sem soluções, o resultado será um forte aumento nos preços da energia. "Além disso, eles querem deixar de figurar entre os maiores emissores de carbono para estar entre os menores", acrescentou Sullivan.

Na seara da água, basta olhar pela janela para ver que o item é bastante escasso na Península Arábica, coberta por desertos. "A Arábia é muito pobre em água, praticamente não chove, os governos estão realmente buscando a eficiência", declarou o executivo.

Isso envolve não só sistemas mais avançados para distribuição, mas consumo consciente, melhor aproveitamento do recurso na indústria e reuso da água. "Se olharmos para as indústrias de alimentos, elas estarão sob pressão para se tornarem mais eficientes", afirmou. "As tecnologias desenvolvidas neste sentido (de economizar água) podem ser muito bem recebidas", destacou.

Isso tem forte impacto também na produção agrícola, que vem sendo desestimulada na região, para liberar água para consumo humano, ao passo que incentiva as importações e os investimentos em produção em outros países.

Uma das empresas de alimentos que investe fora e importa grandes quantidades de produtos é a Al Ghurair Resources, divisão de grãos do conglomerado de mesmo nome que tem sede nos Emirados. O presidente da companhia, Essa Abdullah Al Ghurair, preocupa-se com a segurança alimentar, condena o desperdício de alimentos e defende que os empresários locais garantam o abastecimento interno por meio dos investimentos agropecuários em outros países.

"Eu digo que da Malásia ao Marrocos é a nossa área de atuação", afirmou o empresário, em entrevista no estande do grupo na Gulfood. A companhia tem investimentos agrícolas na Argélia e na Malásia, no primeiro caso em armazenagem de grãos e no segundo em plantações de palmeiras para produção de óleo de palma. "A agricultura é um setor chave", disse.

Mas e fora da Ásia e da África? Segundo o executivo, a estratégia da empresa consiste em concentrar sua força em algumas regiões para não pulverizá-la. "Mas meu primo, Jamal Al Ghurair, tem investimentos no Brasil na área de açúcar", declarou.

Embora não tenha investimentos, Ghurair contou que importa muito do Brasil produtos como soja, farelo de soja, milho e até um pouco de trigo. De acordo com ele, a divisão de commodities da companhia movimenta cerca de 6 bilhões de dirhans dos Emirados (US$ 1,6 bilhão) por ano.

Empregos

Alguns países da região, especialmente a Arábia Saudita, têm alta porcentagem de desempregados entre a população, o que leva os governos a priorizarem a geração de postos de trabalho. Na Arábia Saudita, por exemplo, existe uma política de “sauditização” do emprego e empresas que não atingem certas cotas de contratação de mão de obra local podem perder benefícios.

Ao mesmo tempo em que apontou a busca por eficiência, Sullivan observou que as exportações de petróleo, a diversificação da economia e o aumento da população são indutores do forte crescimento econômico observado no GCC nos últimos anos.

Fonte: ANBA
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