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07/02/2013
Vendas aos árabes caíram 1,97% em 2012
 
Exportações para a região somaram US$ 14,83 bilhões. Alto estoque de alimentos, crise europeia e problemas políticos influenciaram queda. Importações brasileiras dos árabes cresceram 11,15%.

São Paulo – As exportações brasileiras aos países árabes somaram US$ 14,83 bilhões em 2012, com queda de 1,97% na comparação com 2011. A Arábia Saudita, principal mercado importador do Brasil na região, reduziu em 13,70% suas compras, totalizando US$ 3 bilhões.

"Houve uma queda nas exportações para a Arábia Saudita, particularmente no final do ano, devido ao alto estoque de alimentos, causado pelo Ramadã (mês de jejum para os muçulmanos) e pelo Hajj (peregrinação anual à Meca)", explica Michel Alaby, diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

Além do alto volume de alimentos estocados na Arábia Saudita, ele também aponta outros fatores que influenciaram a redução nas exportações aos países árabes em geral. "Um pouco da crise europeia porque muitos países dependem essencialmente de financiamento dos bancos europeus, e outros problemas do próprio ambiente político, que afetaram a economia e dificultaram o abastecimento interno em alguns desses países", afirma.

O Egito, segundo maior mercado árabe para os produtos brasileiros, teve um leve aumento das suas importações do Brasil, somando US$ 2,71 bilhões, 3,35% a mais que em 2011. "Apesar da crise, o país se manteve com exportações crescentes porque eles têm que garantir alimentos à população, que é um dos primeiros problemas das revoluções sociais. Além disso, o grande comprador desses alimentos tem sido o governo, por isso que se manteve esse patamar", explica Alaby.

Os Emirados Árabes Unidos, país que atua como hub de exportações para outras nações do Oriente Médio, África e Ásia, compraram US$ 2,45 bilhões em mercadorias do Brasil, um aumento de 13,26% em relação a 2011.

Entre os demais países árabes, Argélia (-21,71%), Bahrein (-40,05%), Kuwait (-12,25%) Iraque (-28,06) e Síria (-74,76%) também apresentaram fortes quedas, enquanto Omã (35,73%), Iêmen (38,37%), Líbia (315%), Jordânia (13,87%) e Mauritânia (23,56%) aumentaram suas compras do Brasil.

Na pauta dos principais produtos exportados aos árabes em 2012 estão açúcares e produtos de confeitaria (US$ 4,24 bilhões), carnes (US$ 3,93 bilhões), minérios (US$ 2,44 bilhões) e cereais (US$ 1,5 bilhão).

Importações

As importações dos países árabes para o Brasil cresceram 11,15% em 2012 na comparação com 2011, chegando a US$ 11,09 bilhões. O aumento das compras brasileiras foi impulsionado pelas aquisições de petróleo e gás, produtos petroquímicos em geral e matéria-prima para fertilizantes.

"Se você observar, vai verificar que nós importamos inclusive gasolina, e no caso do petróleo, importamos petróleo leve porque as nossas refinarias não têm capacidade de refinar petróleo mais pesado", destaca Alaby.

As importações de combustíveis minerais dos países árabes somaram US$ 9,11 bilhões no ano passado, enquanto a compra de fertilizantes chegou a US$ 1,31 bilhão.

Alaby afirma, no entanto, que há bastante espaço para que o Brasil amplie suas importações dos países do Oriente Médio e Norte da África, incluindo produtos como azeite de oliva, tâmaras, algodão e confecções, vinhos, produtos étnicos, mármores e granitos, cosméticos, artesanato, fechaduras, material hospitalar descartável, alimentos liofilizados (desidratados), pescados, ervas e especiarias, artigos de couro e insumos alimentares.

"É importante lembrar que já há acordos comerciais entre países árabes e o Mercosul, como o feito com a Palestina, por exemplo", ressaltou.

Expectativas para 2013

Para o diretor-geral da Câmara Árabe, ainda é cedo para se fazer previsões em relação às exportações brasileiras para o Oriente Médio e Norte da África este ano, mas ele analisa alguns fatores que podem elevar as vendas para a região.

"Se mantivermos a volta das exportações de carne para os mercados árabes e a expectativa de investimentos dos países árabes em infraestrutura e construção, nós poderemos trabalhar mais firmemente para reverter esse quadro de queda, que não foi tão significativa quanto a queda geral das exportações do Brasil para o mundo, mas eu tenho impressão que esse ano nós poderemos, pelo menos, manter um crescimento ao redor de 5% no comércio com os países árabes", conclui.

Fonte: ANBA
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