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07/02/2013
Egito ratifica acordo com Mercosul
 
Tratado de livre comércio foi assinado em 2010. Embaixador egípcio em Brasília, Hossameldin Zaki, disse que seu país está engajado em fortalecer o comércio com o bloco sul-americano.

São Paulo – O Egito ratificou no mês passado o acordo de livre comércio com o Mercosul, dando mais um passo para a entrada em vigor do documento assinado em agosto de 2010. O embaixador egípcio em Brasília, Hossameldin Mohamed Ibrahim Zaki, lembrou que seu país foi o primeiro árabe e africano a firmar um tratado do gênero com o bloco sul-americano. “Isso nos dá privilégios e uma vantagem sobre outros países [no relacionamento com o Mercosul]”, destacou o diplomata em entrevista à ANBA nesta quarta-feira (06).

A ratificação do acordo foi feita pela própria Presidência egípcia, já que o país não tem um parlamento eleito desde que Justiça dissolveu a Assembleia Popular em junho do ano passado, em meio ao conturbado processo de transição iniciado após a queda de Hosni Mubarak, presidente por três décadas. O embaixador afirmou que o texto será encaminhado ao Legislativo quando novos representantes forem eleitos, em data ainda não definida, e vai ser aprovado.

“O acordo vai beneficiar o Egito e isso independe da orientação política [do governo]”, declarou Zaki. Ele ressaltou que seu país é grande importador de alimentos do Mercosul, em especial do Brasil, e que a redução de tarifas prevista no tratado vai diminuir o custo dos produtos importados no mercado egípcio, assim como beneficiar os exportadores sul-americanos. “[O acordo] será bom para a segurança alimentar [egípcia] no longo prazo, pois o Egito é importador líquido de alimentos”, afirmou. "Estamos engajados em fortalecer o comércio com o Mercosul e também com outros países latino-americanos", acrescentou.

O diplomata disse também que o tratado favorece os investimentos de empresas do Mercosul em seu país, pois esta ligação institucional dará mais confiança aos investidores. O embaixador contou, por exemplo, que um grupo brasileiro que atua no ramo de cimento tem discutido com o governo da nação árabe “como ter um maior envolvimento na economia” local. “Eles querem aprofundar seus investimentos no país”, afirmou.

A empresa brasileira Camargo Corrêa controla uma das maiores indústrias de cimento do Egito por meio da portuguesa Cimpor, da qual é a principal acionista. Outra companhia do Brasil que atua no Egito é a Randon, de implementos rodoviários, que tem uma fábrica em parceria com uma montadora egípcia.

Ele reconheceu, porém, que a instabilidade política que segue sacudindo seu país reflete na economia. “Não temos [no momento] o crescimento que gostaríamos de ter”, afirmou.

Zaki destacou, no entanto, que empresas do Mercosul podem utilizar o Egito como porta de entrada para outros mercados com os quais o país mantém acordos comerciais, como é o caso do Mercado Comum do Leste e do Sul da África (Comesa, na sigla em inglês) e de outras nações árabes.

Na outra mão, o embaixador declarou que as exportações egípcias ao Mercosul, principalmente para o Brasil, são pequenas e há muito espaço para ampliá-las. Nesse sentido, ele disse que o acordo será bom também para estimular as empresas do país a vender ao bloco. “Será mais fácil acessar os mercados”, disse.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações brasileiras ao Egito renderam mais de US$ 2,7 bilhões no ano passado, um aumento de 3,3% em relação a 2011. Já as vendas egípcias ao Brasil somaram US$ 251 milhões, uma queda de 27% na mesma comparação.

Para o embaixador, é necessário trabalhar com as empresas de seu país para mostrar as oportunidades existentes no mercado brasileiro e nos países do Mercosul em geral.

Uma cópia do instrumento de ratificação do acordo do Egito foi entregue pelo embaixador do país no Uruguai, Sami Salem, à secretaria-geral do Mercosul, em Montevidéu. O documento ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos membros do Mercosul: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e agora a Venezuela.

No caso brasileiro, o Itamaraty informou que o procedimento para a ratificação foi iniciado. O texto, no entanto, ainda não foi enviado ao Congresso Nacional.

Fonte: ANBA
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