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01/02/2013
Indústria de defesa pode exportar muito mais
 
Sami Hassuani, novo presidente da associação brasileira das empresas do ramo, diz que as vendas externas representam apenas 10% de seu potencial. Para crescer, é preciso apoio do governo.

São Paulo – A indústria brasileira de defesa tem potencial para exportar mais, mas isso depende do governo. Para que as vendas ao exterior cresçam, o novo presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), Sami Youssef Hassuani, afirmou nesta quinta-feira (31), após tomar posse, que irá trabalhar em parceria com os ministérios para colocar em prática projetos já existentes e, então, vender para outros países. Youssef disse que a indústria brasileira só exporta 10% do seu potencial, mas observou que o Brasil tem atraído outros países interessados em conhecer sua Estratégia Nacional de Defesa.

“É fundamental exportar, mas antes disso existe outra tarefa, que é ter um produto de primeira linha. No setor de defesa, os países só compram um produto se ele for muito bom e se for usado pelas Forças do seu país de origem. As nossas exportações hoje são 10% do que poderiam ser. Temos margem para crescer muito”, afirmou.

Hassuani disse que uma das suas prioridades à frente da Abimde será trabalhar em parceria com ministérios como os da Justiça, Fazenda e Planejamento para que projetos que já existem sejam colocados em práticas ou ampliados.

O setor prevê que o governo brasileiro irá investir US$ 100 bilhões nos próximos 20 anos em programas como o Sistema de Vigilância de Fronteiras (Sisfron), o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (Sisgaaz), o Programa de Aquisição de Navios de Superfície (Prosuper) e o FX-2, de compra de caças para a Força Aérea.

“Vamos buscar apoio para que os recursos sejam disponibilizados e para isso, vamos buscar os ministérios. Não pode haver descontinuidade [de projetos] porque, desta forma, perde-se riqueza”, afirmou Hassuani. Ele pretende enviar aos ministérios da Defesa e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior um levantamento que está sendo feito com a Base Industrial de Defesa (BID) sobre quais são as dificuldades enfrentadas pelo setor.

As projeções da Abimde indicam que, se o orçamento previsto para o período até 2020 for executado, as exportações possam dobrar e chegar a US$ 4 bilhões. Atualmente, o país importa US$ 2 bilhões e exporta outros US$ 2 bilhões, segundo a entidade. Com isso, a quantidade de postos de trabalho pode crescer dos atuais 30 mil para 48 mil.

O novo presidente da Abimde disse que a participação de empresas brasileiras em feiras no exterior deverá crescer nos próximos anos. Atualmente, o País envia representantes para cinco feirar por ano.

As exportações podem estar aquém de seu potencial, mas o Brasil não deixa de atrair interesse nesta área. Hassuani disse que o País tem recebido nos últimos anos visitas de militares estrangeiros interessados em conhecer melhor os projetos nacionais. Estes visitantes vêm, principalmente, de nações asiáticas.

De acordo com Hassuani, há oportunidades para o setor no mercado doméstico porque o Brasil vai realizar a Copa das Confederações neste ano, a Copa do Mundo em 2014 e o Rio de Janeiro será sede dos Jogos Olímpicos em 2016. Estes eventos vão precisar de equipamentos como veículos blindados, aparelhos de análise de agentes químicos e defesa antiaérea. “Isso pode chegar a bilhões de reais”, disse.

Neto de sírios e libaneses, Hassuani é também presidente da Avibras, que fabrica veículos blindados, explosivos, mísseis, foguetes guiados e veículos aéreos não tripulados (Vants). Na Abimde, ele substitui Carlos Frederico Aguiar, que passa a ocupar a primeira-vice-presidência da instituição.

Fonte: ANBA
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