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16/01/2013
Setor avícola busca mercado na África
 
Argélia é um dos principais alvos dos exportadores brasileiros de frango no continente. Vendas ao Oriente Médio caíram 1,2% em 2012, mas a região ainda é o maior destino do produto nacional.

São Paulo – O setor avícola brasileiro quer aumentar suas exportações para a África e entre os principais destinos pretendidos está a Argélia, país árabe do norte do continente. A Argélia compra carne de frango processada do Brasil, mas agora está interessada na importação da carne fresca da ave. A informação é da diretoria da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), que concedeu entrevista coletiva nesta terça-feira (15), em São Paulo.

“Nós trabalhamos a Argélia desde tempos atrás para abrir [mercado] para carne fresca e processada”, conta Ricardo Santin, diretor de Mercados da Ubabef. “Eles primeiramente abriram para a processada, agora há uma demanda [do próprio país]. A Argélia quer comprar carne fresca do Brasil e o Brasil quer vender. Já faz mais de cinco anos que estamos tentando vender para lá”, explica.

Segundo Francisco Turra, presidente da entidade, o continente africano deverá receber especial atenção do setor em 2013. Além da Argélia, a Nigéria é um dos focos da indústria naquela região. Os demais países considerados prioritários para a avicultura brasileira estão na Ásia: Indonésia, Malásia e Camboja.

Em relação às exportações de 2012, o Oriente Médio apresentou queda de 1,2% no volume de frango importado do Brasil, com 1,396 milhão de toneladas embarcadas. Na receita, a queda foi de 2,2%, somando US$ 2,624 bilhões. A região manteve-se como o principal destino das exportações nacionais de frango.

A Arábia Saudita foi o país que liderou a lista geral das exportações de frango brasileiro, com 629 mil toneladas embarcadas em 2012, representando 16% do que o Brasil enviou ao exterior. Os Emirados Árabes Unidos ocupam o quinto lugar na lista, com 239 mil toneladas e 6,1% de participação. Egito (8°), Kuwait (9°) e Iraque (10°) completam a lista das nações árabes entre os dez maiores importadores mundiais do frango nacional. No ano passado, 31% da produção brasileira de frango foi destinada ao mercado externo.

Em 2012, o Brasil apresentou uma queda geral nos números das exportações de frango, com redução de 0,6% em volume (3,918 milhões de toneladas) e diminuição de 6,7% na receita (US$ 7,703 bilhões) na comparação com 2011.

“De uma maneira geral, Venezuela e Europa foram os mercados que mais impactaram na queda das exportações. A Venezuela diminuiu 77 mil toneladas, a Europa, 48 mil”, revela Santin. Segundo ele, a Venezuela passou a importar mais frango da Argentina, enquanto os países europeus reduziram as compras devido à crise econômica que atinge o continente. O Japão, que retomou sua produção local, também comprou 70 mil toneladas a menos de frango do Brasil.

Ano atípico

A produção de frango no Brasil também apresentou queda no ano passado. Com 12,645 milhões de toneladas, o país produziu 3,17% a menos que em 2011. “Desde 2000, nós nunca tivemos nenhum recuo. Foi um ano atípico”, avaliou Turra. A explicação, segundo o presidente da Ubabef, está na disparada dos preços da soja e do milho, que representam os principais custos do setor, pois servem de alimento aos animais. Para este ano, disse Turra, pode-se esperar uma queda nos preços destes insumos, mas ela não deve ser grande.

Ariel Mendes, diretor de Produção da entidade, afirmou que vêm ocorrendo avanços para melhorar a produção no Brasil. “A inclusão da avicultura no Programa Agricultura de Baixo Carbono, por exemplo. Trate-se de uma avicultura feita em galpões climatizados, o que oferece um resultado melhor. É importante a modernização da avicultura brasileira”, destacou.

Valor agregado

Para 2013, a Ubabef espera um crescimento de 3% para o setor, incluindo produção e exportações. Para impulsionar as vendas externas, a entidade aposta na venda de produtos com valor agregado.

“Queremos fazer processados, nuggets, salsichas, hambúrgueres e também os cortes prontos para serem vendidos ao consumidor, que vão daqui congelados. Estamos prontos para customizar aquilo que às vezes fica muito caro em fazer no local”, apontou Santin.

Para Turra, agregar valor aos produtos deveria ser uma “obrigação do agronegócio brasileiro”. “Aqui se festeja tudo o que é exportado de commodities. Nós estamos atrasados nisso”, afirmou o presidente da Ubabef.

De acordo com o diretor de Mercados da entidade, a Ubabef está iniciando um estudo para avaliar quais as demandas de produtos avícolas no exterior. A associação também realizou um estudo da marca Brazilian Chicken, que representa o frango brasileiro no mercado externo, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), para a criação de um selo de qualidade com certificação internacional para os frangos exportados do Brasil.

Fonte: ANBA
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