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21/12/2012
Embargos não devem afetar Minerva
 
Segundo o frigorífico, a suspensão de importações de carne por seis países não prejudica seu desempenho. Esses mercados representam menos de 4% das vendas externas, volume que irá para outros países.

São Paulo – O desempenho do frigorífico Minerva não está sendo afetado pelo embargo feito por seis países às exportações de carne bovina do Brasil. Foi isso que afirmou o presidente da empresa, Fernando Galletti de Queiroz, nesta quinta-feira (20), em reunião da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), em São Paulo. O Ministério da Agricultura divulgou no começo do mês a notícia de que um animal com o agente causador do mal da vaca louca morreu, em 2010, no estado do Paraná. O bovino, no entanto, não chegou a desenvolver a doença e não morreu por causa dela.

Desde que isso aconteceu, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, África do Sul, China e Arábia Saudita suspenderam totalmente as importações de carne bovina do Brasil. Esses mercados, no entanto, representam apenas 4,3% das exportações de carne in natura do Minerva e 4,7% do País. O Egito também parou de importar carne, mas apenas do estado do Paraná, onde o Minerva não tem operações. No caso da carne industrializada, o impacto para o Brasil é de 1,2% e para o frigorífico é zero. “No total das nossas exportações é inferior a 4%”, disse ele.

De acordo com Galletti, os embargos não afetam as operações da empresa já que essas vendas estão sendo direcionado para outros países e um pouco para o mercado interno. O presidente do Minerva falou do componente político e do jogo por trás dos embargos. “A Arábia Saudita, ao mesmo tempo em que fechou para a importação para a carne in natura, abriu para boi vivo. É um completo "nonsense" da história. A leitura é outra: para carne in natura tem algum concorrente a mais, o impacto não é tão grande, a gente vai negociar com o Brasil. Para boi vivo não tem outro fornecedor, a gente vai ter que continuar importando", disse o presidente da empresa.

O gerente de pesquisa do Minerva, Fabiano Tito Rosa, também minimizou os efeitos do problema sobre o mercado brasileiro. “Os embargos são pequenos, são mercados marginais. Dos seis que nós temos hoje, três não compram nada: Coreia do Sul, Taiwan e Japão. Não compram carne do Brasil, compram um pouquinho de carne industrializada. Taiwan é [compra] zero industrializada e in natura. ‘Embarguei’, então, aquilo que eu já não faço. África do Sul compra muito pouco também. China e Arábia saudita são mercados um pouco mais importantes, mas se a gente considerar esses seis mercados, a gente está falando aí de 4% a 5% das exportações brasileiras, nós temos outras alternativas, isso não conta nada”, disse.

Os executivos do Minerva defenderam que, no cenário mundial, a América do Sul é a única alternativa para aumento do fornecimento de carne bovina. “Mesmo que você tenha, como tivemos esse evento sanitário, isso não muda a estrutura que existe neste mercado. O SAD (cadeia de fornecimento) de carne é ‘short’ (curto). Você tem um crescimento de demanda dos países em desenvolvimento, uma redução na produção dos países desenvolvidos e esse ‘gap’ (lacuna) vai ser suprido, só pode ser suprido competitivamente na carne bovina pela América do Sul”, disse Galletti.

Segundo ele, não há possibilidade de aumento de produção na Austrália, já há redução na Europa e Estados Unidos. Os Estados Unidos dependem muito dos grãos para alimentar seu gado e os preços dos grãos entraram em uma fase de alta. “O patamar do preço dos grãos mudou e não volta mais”, afirma Tito Rosa. E os Estados Unidos devem continuar enfrentando seca no próximo ano, enquanto que o Brasil tem uma previsão de clima favorável. Se optarem por colocar os bois no pasto, não terão, segundo o executivo, as possibilidades de recursos naturais que o Brasil tem para isso. Por isso, apesar dos embargos, o Minerva segue com olhar positivo sobre o mercado.

Fonte: ANBA
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