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18/12/2012
Brasil e Iraque discutem acordo sanitário
 
Tratado deve facilitar as exportações de frango e carne. Este foi um dos temas de reunião da Comissão Mista Bilateral ocorrida em Bagdá. País árabe quer investir US$ 120 bi em infraestrutura.

São Paulo – A Comissão Mista Brasil-Iraque se reuniu no domingo e nesta segunda-feira (17), em Bagdá, para debater temas de interesse bilateral. Do lado brasileiro, uma das demandas é assinatura de um acordo sanitário para facilitar as exportações de frango e carne bovina ao país árabe.

O diretor-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, que participou do encontro, disse que ficou acertada a vinda de técnicos do governo iraquiano ao Brasil para visitar frigoríficos e associações do ramo com o objetivo de verificar o controle sanitário existente no País, criando as bases para o acordo.

Hoje as autoridades iraquianas exigem certificado de conformidade emitido por entidade certificadora após análise da carga, o que gera custos e aumenta o tempo de entrega das mercadorias. O trâmite chega a onerar os embarques em US$ 5 mil por contêiner, segundo Alaby. “O importador paga por isso”, afirmou.

A visita dos técnicos deverá ocorrer até o final de fevereiro do próximo ano. Quando o acordo for assinado, o que ainda não tem data para ocorrer, não haverá mais necessidade dos certificados. Até lá, porém, a exigência será mantida.

O frango e a carne bovina são, respectivamente, o primeiro e o terceiro item da pauta de exportações brasileiras ao Iraque. De janeiro a novembro, a receita com as vendas de frangos somaram US$ 161 milhões, 18,4% a menos do que no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Os embarques de carne bovina, porém, subiram 40,34% para US$ 20,6 milhões na mesma comparação. No total, as exportações brasileiras ao Iraque renderam US$ 256 milhões de janeiro a novembro, uma queda de 29%.

Do lado iraquiano, um dos temas de interesse é a renegociação da dívida que o país tem com o Brasil, o que pode influenciar positivamente o fluxo de comércio, especialmente no que diz respeito aos financiamentos.

Investimentos

A delegação do Iraque foi liderada pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Labeed Abbawa. Segundo Alaby, ele informou que o país pretende investir US$ 120 bilhões em infraestrutura e construção até 2020 e que há oportunidades de fornecimento de material de construção, serviços de engenharia, material de transporte, alimentos, entre outras mercadorias e serviços.

O vice-ministro acrescentou que o Iraque espera aplicar US$ 20 bilhões em geração e distribuição de energia elétrica até 2014, pois é comum a falta de luz.

Para reforçar o diálogo na área de negócios, a delegação brasileira visitou o Conselho dos Empresários Iraquianos, entidade que reúne 180 sócios que atuam nas áreas de comércio, investimentos e empreitada. De acordo com Alaby, ficou acertada com o presidente da instituição, Ibraheen Al-Baghdadi, a visita de membros ao Brasil em 2013 para encontros empresariais.

Alaby acrescentou que combinou com o presidente da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria do país árabe, Abdul Salam Al-Qaysi, a assinatura de um acordo de troca de informações e de incentivo aos negócios bilaterais.

Os brasileiros se encontraram ainda com o ministro do Comércio, Kheirallah Hassan, que disse que gostaria de ver os negócios bilaterais voltarem ao nível que já tiveram na década de 1980; e com o vice-ministro da Indústria, Abdel Kareen, que afirmou que seu país precisa comprar máquinas, equipamentos e geradores de energia.

Na Comissão Mista, segundo Alaby, foram também discutidas as negociações de acordos para estabelecer consultas bilaterais econômicas e políticas, de cooperação em esportes, de cooperação econômica e financeira, a possibilidade de lançar tratativas para um acordo de livre comércio entre o Iraque e o Mercosul, o oferecimento pelo Brasil de treinamento para funcionários iraquianos em áreas como metrologia, assuntos sanitários e fitossanitários e negociações internacionais, a reativação da Comissão Parlamentar Brasil-Iraque, além da troca de informações sobre programas de combate à pobreza.

A reunião contou com 11 representantes do lado brasileiro e 27 da parte iraquiana, entre eles o subsecretário-geral do Itamaraty para Oriente Médio e África, Paulo Cordeiro, o embaixador do Brasil em Bagdá, Anuar Nahes, e o embaixador do Iraque em Brasília, Baker Fattah Hussen.

Fonte: ANBA
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