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05/12/2012
Práticas sustentáveis abrem porta para a exportação de produtos paraenses
 
Realizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, Oficina de Sustentabilidade reuniu cerca de 40 empresas paraenses.

As oportunidades e os desafios para as empresas que querem se lançar em um mercado cada vez mais exigente quanto à origem e ao processo industrial dos produtos foram discutidos por especialistas, organizações, institutos de pesquisa, empresários e produtores durante a Oficina de Sustentabilidade, realizada nesta segunda-feira, 03, pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) com o apoio de sua Unidade de Atendimento no Pará, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) e do Centro Internacional de Negócios (CIN). A Oficina teve como tema “Oportunidades e tendências para as exportações brasileiras”.

Participante do painel sobre as “Iniciativas governamentais para a sustentabilidade das exportações brasileiras”, o assessor especial do Governo do Estado do Pará, Eduardo da Costa, destacou que a sustentabilidade é um fator de diferencial nas exportações, mas deve-se atentar para os conceitos cultural e ético. “Quando você exporta não é só o produto, é o conceito. É importante que a cultura seja exportada junto com o produto. Os negócios também devem ser justos. Não é justo quando se ganha com a exportação e a comunidade continua pobre”, defendeu.

O consultor do Plano de Promoção de Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Manoel Ricardo Vilhena, acrescentou: “sustentabilidade não se constrói sem estruturas e políticas de combate a pobreza”. Também participou desse painel Rogério de Oliveira Corrêa, do Instituto de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).
Sustentabilidade já impulsiona negócios
Experiências de empresas paraenses que são exemplos de negócios sustentáveis foram apresentadas no painel “Negócios sustentáveis nas exportações brasileiras”. Para o gerente de responsabilidade corporativa e sustentabilidade da empresa Beraca, Thiago Terada, a sustentabilidade faz parte da constituição do negócio e é um compromisso com a sociedade. “Nesta semana realizaremos o terceiro encontro com os líderes comunitários do entorno da empresa aqui em Belém”, exemplificou.

O gerente comercial da empresa Bela Iaçá, Rafael Ferreira, explicou como a empresa conseguiu aumentar as exportações depois de adotar práticas sustentáveis, reconhecidas por uma certificação orgânica. “Passamos a vender saúde, sabor e energia com o valor sustentável. O resultado foi a conquista do mercado europeu e o crescimento das negociações de produtos sustentáveis em 45%”, avaliou.

 Outro exemplo paraense é a empresa 100% Amazônia, que atua junto a comunidades tradicionais e indígenas na capacitação, produção, colheita e processamento de ingredientes para indústria de suplementos alimentares, bebidas e cosméticos, e pós liofilizados de alto padrão nutricional de frutas como: açaí, cupuaçu, acerola, uxi, bocaba, taperabá, patauá, tucumã, andiroba, entre outros. “Nós comercializamos hoje com 26 países. Antes de vender o produto, nós apresentamos a cultura e suas riquezas para o comprador e mostramos que Amazônia rima com sustentabilidade”, enfatizou a sócia-diretora, Fernanda Stefani.

Especialistas em sustentabilidade alertaram as empresas que elas precisam compreender que práticas sustentáveis, além de contribuírem para a preservação ambiental podem ser lucrativas e aumentar a competitividade no mercado internacional. “A postura das empresas está mudando para o foco da sustentabilidade e isso é uma necessidade. Todas as empresas têm que ter isso em mente daqui pra frente”, afirmou Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Conduta Sustentável

Das cerca de 40 empresas de diversos setores participantes da Oficina, 45% declararam que praticam alguma conduta sustentável em seus negócios, como manejo agro-florestal, coleta seletiva de lixo, tratamento de resíduos sólidos e em efluentes, reflorestamento, educação e preservação ambiental, eficiência energética, comércio justo e atividades junto a comunidades e estímulo ao cooperativismo. E 32% dos participantes afirmaram que já enviam produtos sustentáveis para o mercado externo, dentre eles frutas amazônicas, cosméticos naturais, produtos orgânicos e biojoias.

"Quase a totalidade das empresas que participaram do evento compreendem a importância do tema da sustentabilidade para seus negócios, mas a maioria ainda não possui práticas sustentáveis. Assim, o evento cumpriu seu objetivo de levar informações dos diversos segmentos da sociedade para colaborar na estruturação de negócios sustentáveis com vistas ao mercado externo", avaliou o coordenador interino da Unidade de Sustentabilidade da Apex-Brasil, Rodrigo Iglesias.

Após os painéis, os participantes interessados em exportação puderam também receber gratuitamente consultorias e orientações com os especialistas em sustentabilidade e os parceiros da Apex-Brasil.
Rodada de Negócios da Semana de Negócios Brasil – A Apex-Brasil promoveu ainda, nesta quarta-feira, 4, uma rodada de negócios entre compradores do Canadá, México, Colômbia, Bolívia e Venezuela e empresas paraenses integrantes dos programas da Apex-Brasil no Pará, dos setores de alimentos, bebidas e cosméticos.

“A rodada de negócios tem uma agenda feita com base nos interesses de ambos os lados. Os compradores internacionais avaliam junto às empresas paraenses se elas apresentam todas as condições para exportar, como certificações, capacidade produtiva, volume e aceitação do produto no mercado. E assim iniciam negociações que podem dar certo depois”, explica o analista da Apex-Brasil e coordenador da Rodada de Negócios, Carlos Frederico Martins.

A Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA), que produz e comercializa polpas de frutas, doces e pimenta do reino para Europa, Estados Unidos, Japão e Coréia viu na Rodada de Negócios uma oportunidade de expandir os negócios na América Latina, continente para onde a cooperativa ainda não exportapolpas e doces. “As negociações foram produtivas. Faltava esse canal de comunicação com comerciantes latinos para mostrarmos a eles que temos experiência, qualidade e quantidade para oferecer”, afirmou Ivan Saiki, diretor gerente da CAMTA. A Cooperativa atua desde 1949 no Pará e emprega cerca de 150 cooperados.
 
Fonte: Apex-Brasil
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