São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira promoveu na noite desta quinta-feira (29), no Clube Atlético Monte Líbano, em São Paulo, uma festa em comemoração aos seus 60 anos. A entidade, segundo seu presidente, Salim Taufic Schahin, chega a esta idade preparada para os desafios atuais e com um olho no futuro.
“Hoje estamos mais aptos e ativos para prospectar novos negócios”, destacou Schahin em discurso. “Ainda mais neste momento de mudanças políticas, econômicas e sociais”, acrescentou, referindo-se à crise na economia internacional e às mudanças provocadas pela Primavera Árabe no Oriente Médio e no Norte da África.
Na cerimônia foram homenageados os ex-presidentes Jamil Saliba, Sylvio Wagih Abdallah, Walid Yazigi, Orlando Sarhan, Antonio Sarkis Jr. e o ex-presidente do Conselho da entidade Willian Adib Dib.
Em nome dos diplomatas árabes que atuam no Brasil, o embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, disse que os homens e mulheres que trabalham para a aproximação do País com as nações árabes “são discípulos dos inventores do comércio”, em referência às gerações de imigrantes e descendentes de árabes que fundaram e que dirigem a entidade. “O Conselho [dos Embaixadores Árabes] renova sua disposição de colaborar com a instituição e de ir dia a dia melhorando esta coordenação”, afirmou.
Como representante da União Geral das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos Países Árabes, o libanês Edmond Jereissati acrescentou que a Câmara Árabe Brasileira foi ao longo dos últimos 60 anos “a grande ponte de aproximação” do Brasil com o Oriente Médio e Norte da África.
Ao falar em nome dos homenageados da noite, Sylvio Abdallah disse: “Nós é que deveríamos agradecer a oportunidade de, cada um ao seu tempo, ter trabalhado para a Câmara Árabe.”
Schahin declarou que a Câmara “simboliza a fraternidade entre árabes e brasileiros” e ressaltou o trabalho de seus antecessores para que ela atingisse a importância que tem hoje. Ele acrescentou que a entidade teve que se reinventar diversas vezes ao longo de sua história para fazer frente aos desafios brasileiros e internacionais.
Como exemplo, o executivo citou o primeiro choque do petróleo, em 1973, que elevou rapidamente o déficit comercial do Brasil com os países árabes, e obrigou a Câmara a fazer um esforço adicional para explorar o potencial importador das nações do Oriente Médio e Norte da África e, assim, viabilizar o aumento das exportações brasileiras de bens industriais e de serviços de engenharia.
Hoje a situação é outra e a balança comercial é superavitária para o Brasil, o que impõe novos desafios. “A tendência é que as exportações [brasileiras] sejam cada vez maiores e que as importações de hidrocarbonetos sejam menores, resultando em mais superávit”, disse. “Queremos que o comércio continue a aumentar, por isso trabalhamos para ampliar as exportações de [outros] produtos árabes ao Brasil”, acrescentou.
Segundo ele, a Câmara realizou uma série de mudanças em sua estrutura nos últimos anos para enfrentar as dificuldades e aproveitar as oportunidades. Para Schahin, existem dois grandes eixos a serem explorados nas relações entre Brasil e árabes: a segurança alimentar e a segurança energética, em que as duas partes se complementam. O presidente destacou que “as futuras diretorias [da entidade] saberão explorar o potencial ainda existente”. O executivo está no final de seu segundo mandato.
Palestina
Schahin ainda destacou a “feliz coincidência” de a festa ser realizada no mesmo dia em que a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu a Palestina como estado observador na ONU. “É uma imensa felicidade esta votação expressiva”, disse ele, em meio a aplausos. A elevação do status do país foi aprovada com 138 votos a favor, nove contra e 41 abstenções.
Alzeben afirmou que “a bandeira da Palestina já está no seio da ONU”. “Dedico esta vitória a todos os nossos irmãos e amigos no mundo inteiro. Todos aqui, esta noite, têm nossa gratidão. Cada um de vocês fez algo pela Palestina”, declarou, aplaudido, decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil.
Os convidados lotaram o salão de festas do Monte Líbano para o jantar. Foi apresentado ainda um vídeo sobre a história da Câmara Árabe, e a noite foi encerrada com um show da banda do músico Sami Bordokan, acompanhada de dançarinos.