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14/09/2012
Mercado espera preço melhor para açúcar
 
Especialistas acreditam que cotações da commodity devem se manter estáveis, com leve alta no curto e médio prazos. Produto é um dos principais na pauta de comércio do Brasil com os árabes.

São Paulo – Os preços do açúcar passaram o ano em queda e não devem voltar a patamares elevados tão cedo, apesar dos problemas que a Índia, grande produtora da commodity, enfrenta com a safra. Especialistas do setor acreditam que a tendência no curto e médio prazos é apenas de uma leve alta para as cotações da commodity. O produto é um dos principais na pauta de exportações do Brasil para o mundo árabe e o seu preço impacta significativamente na receita do país com vendas ao Oriente Médio e Norte da África.

O diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa, especialista em mercado de açúcar, acredita que a tendência é de uma alta pequena no final deste ano e começo do próximo, opinião compartilhada por Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, empresa que atua na comercialização de açúcar e etanol. Os contratos futuros na Bolsa de Nova York apontam a mesma direção: a cotação para outubro deste ano é 19,71 centavos de dólar por libra peso de açúcar e a de março de 2013 estava em 20,43 centavos de dólar por libra peso no fechamento desta quinta-feira (13).

“Os preços já tiveram uma queda significativa, os fatores de queda já foram todos esgotados”, afirma Rodrigues, referindo-se ao superávit mundial do produto, com oferta maior do que a demanda no decorrer deste ano. “A tendência é de estabilidade, com uma pequena alta no curto e médio prazo”, diz o especialista da Bioagência.

O Brasil deve ter aumento de 6,5% na atual safra de cana de açúcar, para 596,6 milhões de toneladas, e crescimento de produção de açúcar, de 8,41% para 38,9 milhões de toneladas, segundo projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O país é o maior exportador mundial de açúcar, à frente da Índia, que está na segunda colocação.

A Índia terá produção de açúcar 4% menor do que a prevista inicialmente em função de uma seca, mas mesmo assim terá algum excedente para exportar. O país deve produzir 24 milhões de toneladas de açúcar. A previsão, antes da seca, era de 25 milhões de toneladas, segundo informações divulgadas pela Associação Indiana das Usinas de Açúcar (Isma). Os indianos devem embarcar para o exterior cerca de três milhões de toneladas de açúcar.

O gerente de Alimentos Básicos da Conab, Wellington Teixeira, aposta que os preços permanecerão em tendência de baixa ou estáveis nos próximos meses. Ele acredita em uma oferta de açúcar ligeiramente superior à demanda, com a melhora da renovação dos canaviais brasileiros e produtores investindo mais nas lavouras. “Se o Brasil tiver uma safra excelente, a chance de o preço cair é grande, vamos jogar muito produto no mercado”, afirma Teixeira.

Os especialistas preferem não fazer previsões no longo prazo, já que há alguns fatores que devem pesar na composição do preço do açúcar, como as condições climáticas para a safra seguinte, no Brasil e na Índia, a rentabilidade, no Brasil, do açúcar diante do etanol, que por sua vez depende dos preços da gasolina e demanda por combustíveis, além da demanda por açúcar na China e na Europa. “Já está havendo queda no consumo de produtos industrializados na Europa”, diz Teixeira, lembrando que eles levam açúcar.

A produção da Índia é uma incógnita em função do seu perfil de produção. “São 35 milhões de pequenos produtores, a mudança de cultura é muito rápida”, afirma Corrêa, referindo-se à facilidade que estes agricultores têm de trocar o cultivo de um tipo de produto por outro. Como os preços de alguns grãos, como a soja, estão atrativos, muitos poderão optar por estas culturas em vez de plantar cana de açúcar, afetando assim a produção de açúcar do país. “Algumas tradings já estão trabalhando com essa possibilidade”, diz Corrêa, lembrando, no entanto que isso só deve ficar mais claro lá por março.

O Brasil exportou 7,7 milhões de toneladas de açúcar e produtos de confeitaria para o mundo árabe no acumulado dos últimos doze meses até agosto deste ano, frente a 8,3 milhões de toneladas nos dozes meses anteriores. A receita ficou em US$ 4,3 bilhões diante de US$ 4,4 bilhões. A produção mundial de açúcar alcançou 170,9 milhões de toneladas no último ciclo, 2011/2012, segundo dados do United States Department of Agriculture (USDA), e deve ficar em 174,4 milhões de toneladas na safra 2012/2013.

Fonte: ANBA
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