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03/09/2012
Brasil pode ter que importar R$ 58 bilhões em gasolina
 
Se não houver aumento da produção nacional, esse é o valor que o País terá que gastar com o produto importado de 2015 a 2020.

Rio de Janeiro – O crescimento da demanda por combustíveis – superior a 40% para a gasolina nos últimos três anos – preocupa o governo federal, que trabalha com cenários não muito otimistas, como a importação de R$ 58 bilhões do combustível de 2015 a 2020. A previsão foi feita pelo secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério das Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, em uma simulação pessimista, durante evento do setor de etanol ocorrido nesta quarta-feira (29), na capital fluminense.

No cenário apontado por Almeida, considerando que não haja ampliação da capacidade de produção de gasolina e que o aumento da demanda de todos os combustíveis no País tenha uma média de crescimento de 4,5% ao ano, serão necessários cerca de 1 bilhão de litros de gasolina equivalente por mês em 2020.

Outra possibilidade, a de adaptação das plantas industriais que processam nafta para a produção de gasolina, demandaria cerca de R$ 56 bilhões, entre os custos de investimento na adaptação e de importação de nafta. Outra alternativa reside na construção de mais 67 usinas de médio porte de etanol, a um custo de R$ 67 bilhões.

“O que a gente tem de fazer nesse cenário? Trabalhar para que ele não aconteça. A gente tem de aumentar a produção de álcool e gasolina no País. É tomar a decisão do que fazer e como fazer”, observou Almeida, que ainda chamou a atenção para a necessidade do ministério, da Petrobras e dos produtores iniciarem os diálogos para definir os investimentos o mais breve possível.

O secretário também considerou essenciais os investimentos da indústria automobilística, na direção de motores mais eficientes, principalmente, no rendimento com o etanol.

Durante o evento, foram oficializados benefícios fiscais à indústria do etanol no estado e apontadas dificuldades do setor, que enfrenta queda de consumo desde 2009, quando seus preços passaram a se apresentar menos competitivos do que os da gasolina.

Segundo o empresário Luis Roberto Pogetti, da Copersucar, que atende 48 usinas responsáveis por cerca de um terço da produção nacional, o etanol se apresenta como uma “boa causa”.

O investimento necessário para suprir a demanda nacional de etanol é R$ 130 bilhões até 2020, o que seria a perspectiva mais econômica de investimentos, apesar da baixa produtividade do produto. A cana de açúcar teve ganho menor de produtividade nos últimos anos do que produtos concorrentes, como o milho e a beterraba. As lavouras nacionais têm uma capacidade ociosa de 150 milhões de toneladas de cana.

Segundo Pogetti, hoje, a produtividade da cana é de 7 mil litros por hectare, com potencial de chegar a 23 mil litros por hectare até 2025. Para isso, os produtores têm de vencer uma série de dificuldades. Uma delas é a idade média das lavouras, que é alta, fator que influencia na produtividade, atualmente abaixo do potencial. “[A competitividade hoje] de fato, é ruim. Perdemos produtividade em razão da crise financeira, que inibiu o crescimento de 2008 para cá”, disse. Ele afirmou ainda que a produtividade tem sido baixa em razão do clima. Na última safra, a produção foi em média de 5,6 mil litros por hectare.

Outro fator que preocupa é a preferência da população pela gasolina. Almeida aponta a mudança como a manifestação de que a sociedade, hoje, não quer pagar o preço por um combustível renovável mais caro. “Na hora em que o etanol perde a competitividade, atinge os 70% [do valor da gasolina], a sociedade vai comprar gasolina. Será que a sociedade refletiu que o etanol tem algumas propriedades positivas que não estão sendo externadas? Eu não tenho a convicção disso e isso precisa ser debatido”, disse Almeida.

Fonte: ANBA
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