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06/08/2012
O bom momento do milho
 
Quebra de safra nos Estados Unidos e recorde na colheita brasileira refletem nos preços, lucros dos produtores, custo da carne e nos embarques da commodity para o exterior.

São Paulo – O produtor brasileiro de milho vive, neste ano, um dos seus melhores momentos. A safra deverá atingir o recorde de 69,4 milhões de toneladas, de acordo com previsões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Desse total, 15 milhões serão exportados. Além disso, os Estados Unidos, principais produtores mundiais da commodity, enfrentam as piores secas dos últimos anos e não vão conseguir colher as 370 milhões de toneladas previstas.

De acordo com o diretor de Comercialização do Ministério da Agricultura, Edilson Guimarães, os embarques de milho para os Estados Unidos chegaram, neste ano, a um milhão de toneladas. Além de abastecer o mercado local, os norte-americanos utilizam o grão para produzir o seu biocombustível. Pelo menos 127 milhões de toneladas serão destinadas para a produção de combustível.

Essa conjuntura levou os preços da commodity a subir. Há um ano, o grão era negociado a US$ 6,81 o bushel. Na última quinta-feira (02), os contratos para setembro celebrados na Bolsa de Chicago foram fechados em US$ 8. Um bushel equivale a aproximadamente 27,2 quilos. No Brasil, a saca de 60 quilos estava cotada em R$ 33,50 na quinta-feira. Há um ano estava cotada a R$ 30 e, há dois anos, a R$ 19,43.

O aumento nas cotações pode ser bom para os produtores, que lucram mais, mas causa preocupação em quem compra milho. Como o grão é utilizado para alimentar animais o governo brasileiro trabalha com a hipótese de aumento no preço da carne neste segundo semestre.

“Não temos como evitar o aumento de custos para o criador de suínos e aves. Precisamos esperar como o mercado irá responder, mas é certo que haverá algum reajuste. No entanto, a produção de frango e a de suínos é muito dinâmica. Pode ser que esses setores se ajustem rapidamente também”, avalia Guimarães.

Guimarães afirma que não há risco de desabastecimento do produto no mercado nacional e afirma que o estoque de 12 mi toneladas de milho que o País deverá ter no fim do ano será o maior da história. Mas afirmou que o governo tem se esforçado para abastecer pequenos produtores de regiões que não têm milho em abundância, como o Nordeste.

O presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Apromilho), Alysson Paolinelli, afirma também que o preço da carne de frango e de porco deverá crescer. O milho responde por até 70% do custo de produção das rações destes animais. Mesmo assim, ele diz que este é o momento de o Brasil se tornar protagonista no mercado mundial.

“O empresário se profissionalizou, investiu na lavoura. Agora precisa de apoio do governo. Precisa de crédito, de seguro, apoio logístico, capacidade de armazenamento. Nosso milho tem uma produtividade igual ou maior do que as dos outros países. É melhor e mais barato do que aquele produzido nos países temperados. Além disso, temos duas safras no ano (no verão e a safrinha, no inverno)”, diz. Guimarães, do Ministério da Agricultura, reconheceu que o aumento da produção “veio para ficar”, que gargalos logísticos existem e disse que o governo tem se esforçado para ajudar os produtores.

Fonte: ANBA
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