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08/06/2012
Ministérios e cooperativas discutem o surto de importação de leite uruguaio
 
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Mendes Ribeiro, e o secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA), Laudemir Müller (representando Pepe Vargas, titular do MDA), se reuniram recentemente na sede da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em Brasília (DF), para discutir a situação do mercado nacional de leite por conta do crescimento da importação do produto uruguaio nos últimos anos. Dados do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (AliceWeb2), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), revelam que de 2007 a 2011, o volume das vendas de leite em pó do Uruguai para o Brasil cresceu 38,3%, para 1,6 bilhões de quilos, enquanto a receita aumentou 122,9% para US$ 1,7 bilhões. Segundo Gustavo Beduschi, analista de Mercados da OCB, a grande importação brasileira de leite, principalmente uruguaio, prejudica a produção nacional a longo prazo.

Rebanho uruguaio no pasto

“Até pouco tempo atrás, o real estava valorizado ante o dólar, o que atrapalhava as exportações e favorecia as importações nacionais. Ao mesmo tempo, o Uruguai vem aumentando a produção de leite além do que o mercado doméstico consegue consumir. Um destino com grande contingente de consumidores, localizado perto do Uruguai, e que não cobra tarifa de comercialização por também ser integrante do Mercosul é o Brasil, o que o torna destino natural das mercadorias uruguaias”, explica Beduschi.

O analista diz que a média histórica das exportações uruguaias de leite em pó para o Brasil até 2010 girava em torno de mil toneladas por mês. “Hoje, o índice está em 3,68 mil toneladas mensais”, afirma. De acordo com Beduschi, só em janeiro, o Brasil comprou 6,2 mil toneladas de leite em pó do Uruguai, o que equivale a 53 milhões de litros de leite fluido. “É uma quantidade muito grande para um único mês. O setor de leite não quer que as exportações uruguaias parem de vez, mas algum tipo de controle sobre as compras de produtos vindos da nação vizinha, que entram no País com preços mais baratos que os produtos nacionais”, avalia.

Durante a reunião, o ministro da Agricultura prometeu definir a pauta do setor como prioritária. “Quero discutir ponto a ponto com a minha equipe de trabalho a pauta assim que sair daqui. Eu não vejo nenhum problema hoje que não possa ser contornado. Quero, inclusive, me informar com o presidente do setor cooperativista o que realmente está a incomodar para que o ministério possa agir de forma mais específica em um determinado momento para beneficiar a cadeia,” afirmou. Já o secretário do MDA ressaltou a necessidade de os setores público e privado, juntamente com o Governo Federal, articularem uma política nacional e internacional para defender o mercado brasileiro de surtos de importação. “O Brasil é uma economia que está aumentado a capacidade de consumo”, frisou.

Para o analista da OCB, no entanto, ainda não está claro o posicionamento do governo federal sobre o setor. “O governo tem que se mostrar disposto a sentar e discutir com os uruguaios a questão da falta de limite para a exportação de leite. O Brasil já tem um acordo para controlar a importação de leite em pó argentino. Por que não fazer o mesmo com o Uruguai?”, pergunta. “Se o País não resolver a situação com os uruguaios, poderá, por exemplo, enfrentar dificuldade em renovar o tratado de comercialização de leite em pó com os argentinos em novembro deste ano”, finaliza Beduschi.

Fonte: Revista BB
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