Argel – A Argélia importou cerca de US$ 9 bilhões em alimentos no ano passado, com forte alta em relação a 2010. De acordo com o ministro do Comércio do país, Mustapha Benbada, o avanço ocorreu por conta do aumento do preço dos cereais no mercado internacional. “Nós encerramos 2011 com US$ 9 bilhões em importações de alimentos, sendo US$ 4 bilhões em cereais. Os preços desses produtos tiveram altas entre 30% e 120%”, afirmou o ministro.
Houve também, segundo ele, aumento do volume importado, pois o país decidiu comprar quantidades suplementares de grãos para fazer estoques e garantir o abastecimento do mercado local. No início do ano passado, o governo argelino decidiu derrubar o imposto de importação sobre determinados gêneros alimentícios para evitar o desabastecimento e a disparada dos preços.
A decisão foi tomada em meio a Primavera Árabe, que na Tunísia, Egito e Líbia resultou na derrubada de regimes ditatoriais. A carestia e o desemprego foram alguns dos fatores que precipitaram os levantes populares na região em 2011.
Benbada afirmou que o preço médio dos cereais passou de US$ 200 por tonelada em 2010 para US$ 500 em 2011. “Essa alta, apesar de conjuntural, custou ao Estado muito dinheiro”, destacou o ministro, acrescentando que se faz necessário criar mecanismos para evitar aumentos tão bruscos. Os alimentos representam 20,8% das importações argelinas.
Sobre o avanço dos preços no mercado interno, Benbada afirmou que “é uma questão de oferta e demanda”. “A oferta diminuiu no período de entressafra e os preços aumentaram por causa de uma falha no que diz respeito ao armazenamento”, declarou. “Assim que a próxima safa começar a chegar ao mercado, em março, os preços vão se estabilizar”, acrescentou.
Brasil
O forte aumento das importações alimentícias da Argélia pode ser observado na balança comercial do país com o Brasil. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) do Brasil, as exportações ao mercado argelino renderam quase US$ 1,5 bilhão no ano passado, um aumento de 78% em comparação com 2010.
Os principais itens comercializados foram açúcar, trigo, milho e óleo de soja. Houve não só aumento do valor, mas também da quantidade embarcada. No caso do açúcar bruto, o volume passou de 1,186 milhão de toneladas para 1,306. As vendas de trigo saíram de zero para 702,5 mil toneladas, as de milho, de 294,5 mil toneladas para 692 mil, e as de óleo de soja, de 88 mil para 129 mil toneladas.
Mesmo com o avanço expressivo das exportações, o Brasil manteve seu tradicional déficit comercial com a Argélia. O saldo ficou em US$ 1,643 bilhão, pois o mercado brasileiro comprou o equivalente a US$ 3,137 bilhões em produtos argelinos, principalmente naftas, gás liquefeito, petróleo e fosfatos.
Fonte: ANBA