Brasília – A indústria brasileira interrompeu a trajetória de quedas sucessivas em novembro último, registrando sobre outubro, pelos dados com ajustes sazonais, altas no faturamento real e nas horas trabalhadas e mantendo estável a utilização da capacidade instalada (UCI). Cresceram, igualmente, a massa salarial e o rendimento médio real no setor, informa a pesquisa mensal Indicadores Industriais, divulgada nesta terça-feira (17) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Os dados dessazonalizados revelam que o faturamento real cresceu 2,2% em novembro comparativamente a outubro, na sexta alta mensal consecutiva, enquanto as horas trabalhadas se elevaram 0,2% e o emprego não se alterou. A UCI, que havia registrado 81,4% no mês anterior, manteve-se estável em novembro, com 81,5%. A massa salarial real cresceu 4,8% e foi de 5,3% o aumento do rendimento médio real na indústria.
O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, atribuiu a interrupção da queda do setor industrial em novembro principalmente à reversão da política monetária, com reduções na taxa Selic promovidas pelo Banco Central, ao recuo da valorização cambial e às medidas de estímulo ao consumo de eletrodomésticos, com a desoneração tributária no segmento. Assinalou, porém, não ser ainda possível apostar na manutenção de um movimento de recuperação da indústria.
“Os dados evidenciam uma melhora no comportamento da indústria e apontam para indícios de que talvez o pior tenha passado, mas só um mês não é suficiente para cristalizar uma tendência”, assinalou Castelo Branco. Ele admitiu, todavia, que o aumento do salário mínimo e dos proventos da aposentadoria neste mês de janeiro, com grande impacto nas rendas mais baixas, é um fator positivo na ampliação da demanda.
A pesquisa mostra que, em relação a novembro de 2010, o faturamento real cresceu em 14 dos 19 setores industriais pesquisados, com destaque para material eletrônico e de comunicação (23,6% mais em relação a novembro de 2010), outros equipamentos de transporte (23,5% acima) e produtos de metal (mais 20,8% sobre o mesmo mês de 2010). Em oposição, diminuíram em 13 setores, no intervalo de um ano de novembro a novembro, as horas trabalhadas na produção e a UCI.
O levantamento destaca que, na comparação entre novembro último e o mesmo mês de 2010, o setor de couro e calçados foi o que mais reduziu a UCI, que recuou cinco pontos percentuais, embora, como a maioria dos segmentos da indústria de transformação, tenha registrado alta de faturamento em cenário de baixa atividade industrial, com 9,6% de crescimento.
Fonte: ANBA