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26/12/2011
Brasil poderia dobrar exportações de frutas
 
Apesar de ser um grande produtor de frutas, o Brasil não exporta tanto quanto poderia. Falhas na parte de infraestrutura e logística, na estruturação da área internacional das empresas e o desconhecimento das normas de qualidade de outros países fazem com que as exportações de frutas frescas brasileiras se restrinjam a apenas 0,5% da produção do país. No entanto, uma pesquisa realizada pelo engenheiro agrônomo José Guilherme Ambrósio Nogueira, pela Pós Graduação em Administração de Organizações da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da Universidade de São Paulo, aponta caminhos e estratégias para que os produtores possam mudar esse cenário.
“A fruta brasileira é de extrema qualidade. Temos um grande volume de exportações de melão e uva, mas, às vezes, não conseguimos uma padronização dessa qualidade”, comenta Nogueira. Segundo o engenheiro, os problemas nas exportações de frutas frescas começam no transporte, que muitas vezes não é adequado, podendo apresentar falhas desde quando as frutas são colhidas e colocadas em caminhões sem a refrigeração adequada, até a demora em chegar ao país de destino, quando o transporte é feito por via marítima.
“Utilizar o modal aéreo tem um custo muito alto. Chega a aumentar, em média, de 10% a 15% no valor da carga”, aponta. Problemas com o registro de agrotóxicos e com exigências mais criteriosas apresentadas por alguns países também são entraves que seguram o aumento das vendas externas.
A pesquisa de Nogueira utilizou dados do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), que mostram que o mercado de fruticultura brasileiro movimenta anualmente cerca de US$ 6 bilhões. As exportações, no entanto, representam apenas uma pequena parte deste valor. Em 2010, o Brasil vendeu para o exterior o equivalente a US$ 700 milhões em frutas frescas.
Se estes problemas fossem resolvidos, qual seria o resultado alcançado? “No mínimo dobrar ou até triplicar a exportação de frutas”, afirma o engenheiro, que atua como gestor e consultor de agronegócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Atualmente, as frutas mais exportadas pelo Brasil são melão, banana, manga, maçã e uva. O melão é a principal fruta vendida ao exterior, representando 24% do volume de produção e 22% do volume financeiro da pauta de exportações de frutas frescas brasileiras.
Atualmente, o principal destino das frutas frescas do País é a Holanda. “A Holanda é um hub de distribuição na Europa”, aponta o pesquisador. Em seguida, os maiores compradores do Brasil são o Reino Unido, Espanha e Estados Unidos.
Em sua pesquisa, Nogueira traçou algumas estratégias que visam ajudar as empresas brasileiras a aumentarem seu potencial exportador. Ele pesquisou 36 empresas do setor, em todo o país, em cinco categorias em relação à exportação, começando com aquelas que nunca venderam ao exterior até as que já têm presença física no mercado internacional. Entre as soluções apontadas estão a realização de programas de capacitação, a participação em rodadas de negócios, o investimento em ações de marketing, até a participação em feiras internacionais e missões de prospecção.
Desta forma, relata Nogueira, é possível alcançar também outros mercados com grande potencial de compras das frutas brasileiras, como Alemanha, Rússia, Canadá, Portugal, Hong Kong e os Emirados Árabes Unidos. “Os Emirados são um dos mercados-alvo do setor, estão muito em foco”, afirma. “A África do Sul é o nosso principal concorrente nesse mercado. Os Emirados compram 22% das frutas que consomem daquele país, enquanto o Brasil fornece apenas 0,75%”.
Além da África do Sul, os principais concorrentes do Brasil no mercado internacional de frutas frescas são Espanha, Chile e Estados Unidos. De acordo com Nogueira, um dos problemas apontados pelos empresários para as vendas aos Emirados é o longo prazo de pagamento pedido pelos compradores. “Eles pedem um longo prazo de pagamento, de até seis meses”, diz. Entretanto, também é um mercado que apresenta vantagens quanto ao tipo de produto que pode ser vendido. “Nos Emirados, você pode vender produtos mais caros, de maior valor agregado”, aponta.

Fonte: Agência de Notícias Brasil - Árabe - ANBA
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