Notícias
26/07/2011
CNI prevê PIB maior e danos do câmbio
 
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reviu para cima as estimativas de alguns dos principais indicadores da economia brasileira em 2011, prevendo um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,8% e da indústria de 3,2%. Os dados são do Informe Conjuntural do segundo trimestre, divulgado nesta segunda-feira, 25.07. Apesar das expectativas de alta, a CNI advertiu, contudo, para os danos à indústria devidos à crescente valorização cambial.

As previsões anteriores da entidade, relativas ao primeiro trimestre, apontavam um PIB 3,5% e um PIB industrial 2,8% maiores sobre 2010. O aumento na estimativa do PIB, justifica a CNI, se deve ao seu crescimento além do esperado no primeiro trimestre, quando avançou 1,3% na comparação com o último trimestre de 2010, enquanto calculara 1%. O Informe Conjuntural destaca, porém, que a expansão do PIB nos três meses iniciais do ano não se repetirá.

Alinha para isso, entre outros fatores, as restrições ao crédito e as elevações da taxa básica de juros promovidas pelo Banco Central, a contenção dos gastos públicos e o aumento da inadimplência. O consumo das famílias, todavia, manterá o PIB em alta este ano, prevê a CNI.

A manutenção da demanda doméstica, pelo consumo e pelos investimentos, explica, por sua vez, a estimativa do crescimento industrial em 3,2%. A CNI assinala, todavia, que a indústria de transformação, responsável pelos produtos de maior sofisticação técnica, crescerá apenas 2,6% em 2011, contra 4,6% da indústria extrativa.

DANOS ELEVADOS - Destaca a entidade ser uma situação radicalmente inversa à de 2010, quando a indústria de transformação cresceu 9,7%. Segundo a CNI, tal inversão é causada principalmente pela valorização cambial, que levou à perda não só de mercados externos, mas de mercado interno, pela forte penetração de produtos importados. O déficit da indústria de transformação na balança comercial, que foi de US$ 33,5 bilhões em 2010, subirá a mais de US$ 50 bilhões este ano, prevê.

A valorização cambial, superior a 30% nos últimos seis anos e meio, “é impossível de ser absorvida por ganhos de eficiência das empresas”, constata o Informe Conjuntural. “É urgente implementar mecanismos eficazes e potentes para compensar essa perda de competitividade dos produtos brasileiros. Medidas pontuais serão insuficientes para alterar a atratividade do setor manufatureiro”, alerta a CNI.

Adverte que “a perda de importância do setor irá continuar se a configuração competitiva atual permanecer, causando elevados danos à trajetória de crescimento e à estrutura produtiva brasileira”.

O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, lembra que, ao mesmo tempo em que o câmbio se valoriza, não houve medidas do governo para promover “mudanças sistêmicas” em favor da competitividade, de forma a melhorar o sistema tributário, a infraestrutura, os custos da folha de pessoal, a burocracia.

Castelo Branco sublinhou esperar que a nova política industrial, a ser anunciada pelo governo no próximo dia 2 de agosto, contemple decisões efetivas para tornar a indústria mais competitiva. “Há uma grande percepção do governo sobre a perda de competitividade da indústria. Estamos confiantes, portanto, que a nova política industrial adote medidas eficazes para recuperá-la, como a desoneração dos investimentos e crédito mais acessível para investimentos”, declarou.

EM EVIDÊNCIA - O Informe Conjuntural manteve em 4,5% a previsão de crescimento do consumo das famílias, em 6% o índice de inflação e as estimativas da balança comercial, com exportações de US$ 250 bilhões, importações de US$ 230 bilhões e superávit de US$ 20 bilhões.

Reformulou, de 6% no primeiro trimestre para 5,9%, a taxa de desemprego e de 9% para 8,5% as estimativas para o aumento dos investimentos. “O cenário que estimula a entrada de divisas permanece e pouco deve se alterar até o final do ano”, pontua o estudo, acrescentando que “a economia brasileira deverá manter-se em evidência, atraindo investimentos”.

A CNI prevê ainda uma taxa nominal média de juros de 12,07% , um câmbio médio no ano de R$ 1,59 e um déficit público nominal de 3,20% do PIB. O superávit público primário deverá atingir 2,70% e a dívida pública líquida ficará em 39,5% do PIB, calcula a entidade.

Fonte: Confederação Nacional da Indústria - CNI
Voltar - Início