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05/07/2011
Produtos agrícolas ajudam a impulsionar exportação de Minas
 
Reajuste do minério de ferro e de outros nove produtos aumenta faturamento das vendas internacionais do estado
Estrela do comércio de Minas Gerais com o exterior, o minério de ferro teve a companhia de pelo menos outros nove produtos, quase todos mercadorias agrícolas, no grupo dos itens responsáveis pelo forte aumento do valor das exportações do estado de janeiro a maio, que somaram US$ 22,21 bilhões. Etanol, açúcar refinado, farelo de soja, café em grãos, óleo de soja em bruto, semimanufaturados de ferro e aço, algodão e as carnes de boi e frango exibiram preços por tonelada exportada bem superiores no período, garantindo o acréscimo global de 71,4% da receita mineira obtida no mercado internacional, frente ao resultado apurado nos primeiros cinco meses do ano passado.

Se de um lado a exportação de commodities não representa a melhor forma de inserção no clube dos grandes exportadores no mundo, tendo em vista o valor e a alta tecnologia incorporada em outros bens como carros, segmento em que Minas e o Brasil perderam competitividade nas exportações, de outro, o estado se aproveitou, e muito, do subsolo rico e do solo fértil. Estudo feito pela Central Exporta Minas, braço de comércio exterior da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, mostra que Minas pode ter sido um dos estados que mais saíram ganhando com a avidez das compras de produtos básicos no mercado internacional e da alta dos preços.

Graças ao peso das commodities mineiras, que faturaram US$ 10,84 bilhões de janeiro a maio da pauta de exportações, o estado deve encerrar o primeiro semestre com uma participação de 15,8% das vendas externas totais do Brasil. Em 2003, não passou de 10,3% do total, lembra Jorge Duarte de Oliveira, diretor da Central Exporta Minas. A alta dos preços, que não favoreceu só o minério de ferro, foi essencial na boa performance das exportações de Minas, tendo em vista que a quantidade exportadora variou pouco – ao todo 0,8% – com um volume de 65,23 milhões de toneladas embarcadas.

Desafio

Depois do minério de ferro, que exibiu preços por tonelada exportada 92,8% superiores às cifras de janeiro a maio de 2010, o farelo de soja apresentou o melhor resultado, quando combinada a elevação de 69,7% do volume exportado e de 67,2% do valor da tonelada exportada (de US$ 1.082,71). Jorge Duarte admite que a dependência das commodities impõe o desafio da diversificação ao estado, mas não representa necessariamente um pecado o fato de Minas ter se beneficiado delas.

“O estado está sendo capaz de ofertar produtos de alta demanda. A questão é que, ao mesmo em que assistimos a esse cenário positivo, o Brasil perde competitividade, com o real valorizado em relação ao dólar, nas vendas de outros produtos de maior valor e conteúdo tecnológico”, afirma Jorge Duarte. A dúvida, agora, é por quanto tempo o ciclo positivo das commodities deve se manter.

O caminho de preços altos do açúcar vai continuar, na avaliação de Luiz Custódio Cotta Martins, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Minas (Sindaçúcar). “Os estoques mundiais estão baixos, o que mantém os preços elevados”, afirma. A demanda de alimentos em geral é grande, favorecendo as commodities agrícolas, lembra Alexandre Brito, consultor de negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O desafio é que uma receita de exportações só baseada em preços não se sustenta, observa o especialista.

Economês/Português
Commodity

Derivado da língua inglesa, o termo commodity quer dizer mercadoria e é usado para denominar produtos minerais e agrícolas básicos, em seu estado natural ou depois de sofrerem pequena transformação industrial. É o caso do minério de ferro e das pelotas de ferro; da soja em grão e do óleo de soja em bruto. Em comum, esses itens têm preços formados no mercado internacional, parte deles negociados em bolsas de valores, e são produzidos em grande quantidade. Seus preços oscilam de acordo com a demanda mundial.

O que nos interessa

Mais dinheiro para o paísA exportação garante divisas, quer dizer, ingresso de dinheiro em moeda estrangeira no país, o que significa recursos disponíveis para investimentos nas empresas e, com isso, a geração de empregos. Mas por outro lado, como o aumento das vendas externas é sustentado pela alta nos preços das commodities, principalmente agrícolas, o brasileiro sente no bolso o reajuste desses produtos no mercado internacional. Os preços sobem também no Brasil. Mais exportações significam mais dólares entrando no Brasil e contribuindo para desvalorizar a moeda dos EUA frente ao real, o que favorece o avanço dos importados no mercado interno.

Fonte: Estado de Minas
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