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10/05/2011
Exportações para árabes crescem 45%
 
Apesar da crise política, Brasil ainda encontra espaço para ampliar vendas ao mundo árabe. O assunto foi tema de entrevista coletiva nesta terça-feira (10), na Câmara Árabe, em São Paulo.
Aurea Santos aurea.santos@anba.com.br

São Paulo – Apesar da crise política que se instalou no mundo árabe desde que revoltas populares tiveram início na Tunísia, o Brasil vem aumentando suas exportações para o Oriente Médio e Norte da África. Na comparação entre o primeiro quadrimestre deste ano com o mesmo período de 2010, as vendas brasileiras para os países árabes cresceram 44,78%, alcançando US$ 4,085 bilhões nos meses de janeiro a abril de 2011. As informações são da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, e foram divulgadas nesta terça-feira (10) por Michel Alaby, CEO da entidade, durante entrevista coletiva realizada em São Paulo.

"É evidente que este valor compreende, em mais de 70%, exportações de alimentos, como carne, frango e açúcar", destacou Alaby. "Apesar da crise, há espaço ainda para as exportações do Brasil", afirmou o CEO da Câmara Árabe. Ele apontou que a Arábia Saudita manteve-se como maior comprador do Brasil no período. De janeiro a abril de 2011, o Brasil exportou o equivalente a US$ 1,021 bilhão para o país árabe, um crescimento de 33,93% em relação aos mesmos meses de 2010.

Outro país que também teve destaque nas exportações brasileiras do quadrimestre foi a Argélia, que adquiriu o equivalente a US$ 493,16 milhões em mercadorias do Brasil, um aumento de 218,81% em relação ao mesmo período de 2010. "A Argélia diminuiu os impostos de importação e quebrou alguns oligopólios que beneficiaram as importações", ressaltou Alaby. "As importações para a Síria se mantiveram, porém com decréscimo de 11%", completou. As vendas do Brasil para a Síria passaram de US$ 127,5 milhões no período de janeiro a abril de 2010 para US$ 113,3 milhões no mesmo período deste ano.

Durante a entrevista, Alaby apontou as causas das revoltas no mundo árabe, como a alta no preço dos alimentos; o elevado índice de desemprego, cuja média geral atinge 32% e chega a 49,3% entre os jovens abaixo de 25 anos; e a falta de perspectivas futuras para a população jovem. Entre as consequências deste cenário, além das manifestações públicas, houve ainda o aumento do preço do barril de petróleo e a redução de impostos de importação para produtos estratégicos, especialmente alimentos.

De acordo com o CEO da Câmara Árabe, mesmo com a turbulência política em determinados países árabes, há boas oportunidades de negócios para as empresas brasileiras em lugares como Arábia Saudita, Argélia, Egito, Marrocos, Tunísia, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Omã e Sudão. Este último, por exemplo, passará por uma separação de seu território, que o dividirá em dois países a partir de julho deste ano. "O Sudão do Sul carece de infraestrutura e vai oferecer muitas oportunidades para empresas de maquinários e da construção civil". Sobre Omã, o destaque foi para o setor de alimentos. "Omã tem interesse em conversar com empresas brasileiras de carne para distribuição naquela região".

Para Rubens Hannun, vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe, que também participou da entrevista, o Brasil é considerado um parceiro muito confiável pelos países árabes e é natural que estes países recorram ao Brasil para assegurar o abastecimento de suas principais necessidades.

Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe - ANBA
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