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24/02/2011
Indústria importa 60% das máquinas que utiliza
 
A pressão cambial e a consequente perda de competitividade da indústria de bens de capital brasileira em relação às concorrentes estrangeiras têm causado mudanças no consumo de máquinas e equipamentos no país. Atualmente, seis de cada dez máquinas compradas por companhias nacionais não foram produzidas no Brasil.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), cerca de 40% do consumo aparente de bens de capital brasileiro, que chegou a R$ 100 bilhões em 2010, é composto por produtos fabricados pela indústria nacional.

Essa divisão entre produtos nacionais e importados é exatamente inversa à verificada no final de 2004. Há pouco mais de seis anos, seis de cada dez máquinas consumidas no país eram brasileiras, segundo a Abimaq. "Do consumo aparente de máquinas e equipamentos do país, 60% eram fabricados aqui até pouco tempo atrás. Isso se inverteu", diz o vice-presidente da entidade, Carlos Pastoriza.

Segundo Pastoriza, essa inversão deve-se, principalmente, ao aumento das importações de máquinas de países asiáticos. Esses países foram os que mais se aproveitaram da valorização do real ante o dólar para aumentar suas exportações para o Brasil. Alguns deles, inclusive, acabaram reduzindo a cotação de sua moeda no mercado global para facilitar a entrada no país.

"As exportações aumentaram principalmente dos concorrentes asiáticos, que têm como principal vantagem o câmbio artificial", disse vice-presidente da Abimaq, ressaltando os números das importações de máquinas fabricadas na China.

O país que, segundo Pastoriza, mais tem contido a valorização de sua moeda, o yuan, aumentou a participação nas importações brasileiras de máquinas de 2,1% para 14,7% em sete anos. Atualmente, ele é o segundo país que mais exporta máquinas para o Brasil, atrás dos Estados Unidos. Em 2004, era o quarto.

Para mudar essa situação, Pastoriza quer que o governo tome medidas que favoreçam a indústria. Ele disse que a Abimaq vem conversando com membros do recém-formado governo da presidenta Dilma Rousseff sobre essas medidas. Ele espera que, no mês que vem, elas sejam anunciadas. "Este governo parece estar muito mais sensibilizado", afirmou o empresário.

Entre as ações mais aguardadas pela Abimaq, estão o fim da licença automática para importação de bens de capital, a ampliação da vigência de linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para compra de máquinas e a desoneração total do setor. Além disso, Pastoriza disse que a indústria em geral aguarda medidas de defesa comercial.

"Se essas medidas forem tomadas, podemos reduzir parcialmente os dados catastróficos sobre a economia", disse o representante da indústria brasileira de máquinas e equipamentos.

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos - ABIMAQ
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