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10/02/2011
Cresce importação de produtos prontos e exportação perde rentabilidade
 
O quadro é resultado da valorização do real. Indústrias são as mais prejudicadas   
A análise da balança comercial paranaense revela que o Estado está importando mais produtos acabados e os produtos exportados têm perdido rentabilidade. O paranaense está importando mais produtos prontos para o consumo. Ou seja, muitos itens que poderiam estar sendo fabricados dentro do Estado estão vindo de fora, prejudicando a indústria local. No período de 2005 a 2010, analisando as importações por "Categoria de Uso", o maior acréscimo se deu nos "Bens de Consumo" (463,12%), seguido pelos "Bens de Capital" (307,00%), "Combustíveis e Lubrificantes" (268,72%) e "Bens intermediários" (123,52%). Além disso, a rentabilidade em real das exportações paranaenses está diminuindo. Os produtos "Manufaturados", que chegaram a representar 57,41% das exportações em 2006, atingiram 43,18% em 2010, os produtos "Básicos" passaram de 29,30% em 2006 para 42,21% em 2010. Ou seja, o Paraná voltou a ser grande exportador de matéria-prima.

"As duas situações são consequência da valorização do real frente às moedas de circulação internacional, que vem comprimindo sistematicamente as receitas em moeda corrente doméstica dos exportadores e prejudicando sensivelmente a competitividade dos produtos paranaenses e brasileiros no exterior", afirma Roberto Zurcher, economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), ao analisar os números da balança comercial divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.   

As exportações paranaenses totalizaram, em 2010, US$ 14,2 bilhões, equivalentes a R$ 24,9 bilhões considerando o câmbio mensal médio divulgado pelo Banco Central. Desta forma, o aumento de 26,31% em dólar se reproduziu em aumento de apenas 11,51% em real, na comparação de 2010 contra 2009, diminuindo a rentabilidade das empresas produtoras-exportadoras. Quando feita a conversão das exportações na proporção que é destinada para a Comunidade Européia (1/3 do valor total exportado) - neste caso utilizando-se o euro e nos demais o dólar - a receita em real teve um crescimento ainda menor, de apenas 9,47%. 

Saldo positivo - As importações acumuladas ao longo de 2010 somaram US$ 13,951 bilhões, 45,04% superiores às de 2009. Em relação a 2008, há uma queda de 4,24%. O saldo acumulado no ano terminou positivo, equivalente a US$ 224 milhões. 

Os economistas da Fiep observam que o ritmo de evolução das exportações é bem menor que o das importações, sinalizando alguma restrição à sustentação da atividade econômica interna em futuro não muito distante. O saldo comercial paranaense acumulado em 2010 apresenta redução significativa. Esta redução se iniciou em 2005, com a valorização do real frente às moedas de circulação internacional. A exceção foi em 2009 (eclosão da crise internacional), que determinou alteração do fluxo comercial global. A tendência de queda continua, atingindo neste último dezembro a US$ 224 milhões, bem abaixo das marcas historicamente registradas, ostentando o menor valor registrado desde 2001, quando atingiu US$ 388 milhões. 
Analisando o saldo comercial por grupo de produtos, observa-se que os grupos com maiores resultados positivos são os que têm sua origem no agronegócio: "Complexo Soja", "Carnes", "Açúcares", "Madeira" e " Preparações alimentícias diversas". O maior déficit está em "Petróleo", por conta da necessidade de se importar este produto para refino em unidade paranaense. Os demais grupos de produtos que têm balança comercial negativa são todos de produtos industrializados. 

O "Complexo soja" continua na primeira posição no valor exportado em 2010, com uma participação de 26,88% (aumento de 16,33% em relação a 2009); em segundo lugar vem "Material de Transportes", com uma participação de 15,26% (aumento de 49,80%); "Carnes", terceiro lugar com 13,51% de participação (aumento de 15,20%). Dentre os quinze principais grupos de produtos, apenas um apresentou redução em relação a 2009: "Petróleo e derivados" (-31,44%). Considerando os quatro principais e tradicionais grupos de produtos exportados pelo Paraná (Soja, Material de Transportes, Carnes e Madeira), que somam uma participação de mais de 60% das exportações totais, verifica-se que todos demonstram tendência de início de recuperação. Dois novos grupos de produtos vêm ganhando espaço: Açúcares e Preparações Alimentícias Diversas, que juntos representam atualmente mais de 11,6% das exportações paranaenses.

Importação - Nas importações, em termos de participação relativa por grupo de produtos, "Produtos Químicos" (que são, na sua maior parte, adubos, fertilizantes e outros produtos destinados à agricultura - dada sua característica sazonal) perdeu a primeira posição (16,55%), com aumento acumulado de 26,87%, para "Material de Transportes", que passou a ocupar o primeiro lugar (19,98%), com crescimento de 49,25%; o terceiro lugar ficou com "Mecânica" (15,01%) que apresentou expansão de 54,90% superando "Petróleo e derivados" que tradicionalmente ocupava a terceira posição (14,33%) e acréscimo de 50,12%. O único grupo de produtos que apresentou redução foi "Cereais" (-25,18%). 

O resultado da posição dos países dos quais o Paraná importa apresenta mudanças. A China continua a ocupar o primeiro lugar pelo segundo ano consecutivo com aumento de 66,93% nas importações. A Argentina, o segundo lugar, com expansão de 29,34%. A importação de petróleo da Nigéria a coloca em terceiro lugar, com aumento de 10,73%. A Suécia (8°) aparece deslocando o Paraguai das primeiras dez posições. 

Em termos de fluxo de comércio (exportações mais importações), a China superou a Argentina pelo segundo ano consecutivo como principal parceiro comercial do Paraná, com US$ 4,397 bilhões (janeiro a dezembro) de intercâmbio (exportações de US$ 2,276 bilhões mais importações de US$ 2,120 bilhão). Em segundo lugar vem a Argentina, que possui intercâmbio de comércio com o Paraná na ordem de US$ 3,305 bilhões e em terceiro lugar a Alemanha (US$ 2,006 bilhões). 

Fonte: FIEP
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