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04/03/2020 | |
Novo coronavírus: Índia limita exportação de medicamentos | |
A Índia, o principal fornecedor mundial de medicamentos genéricos, restringiu a exportação de 26 ingredientes farmacêuticos e dos medicamentos feitos a partir deles. A decisão foi tomada devido aos estragos que a disseminação do novo coronavírus pode causar nas cadeias de suplementos. Os medicamentos restritos incluem o paracetamol, um dos analgésicos mais utilizados. Foram impostas restrições semelhantes relativas ao antibiótico metronidazol, várias versões da vitamina B e mais oito produtos medicinais, anunciou o governo indiano, citado pela agência Bloomberg. “A Índia restringiu a exportação de 26 ingredientes farmacêuticos ativos para exportação, o que representa cerca de 10% de sua capacidade de exportação”, afirmou o comissário da Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos, Stephen Hahn. Na semana passada, a instituição norte-americana anunciou a escassez de medicamentos relacionados com o coronavírus. Os fabricantes de medicamentos indianos confiam na China para quase 70% dos ingredientes ativos. “Mesmo os medicamentos que não são produzidos na China obtêm seus ingredientes básicos lá”, disse o analista do China Market Research Group, Shaun Rein. A Índia é a fonte de cerca de 20% dos suplementos mundiais de medicamentos genéricos do mundo. Contudo, depende da China para cerca de 66% dos componentes químicos necessários à produção desses fármacos. Uma análise do governo indiano mostrou que 450 ingredientes de medicamentos podem ser afetados pela contenção de coronavírus na China, que inclui o bloqueio completo da província de Hubei - o centro da indústria farmacêutica do país. “O setor está inteiramente conectado, de uma forma ou de outra, à China”, afirmou Rajvi Malik, presidente da Mylan NV, uma empresa norte-americana de produtos farmacêuticos. Malik garantiu que, se o surto persistir, os fornecedores de ingredientes farmacêuticos e outros componentes de medicamentos vão ser afetados. A Mylan NV tenta encontrar alternativas para alguns ingredientes. Poderá haver escassez aguda” Em comunicado, o diretor-geral do Comércio Exterior indiano afirmou que “as exportações de API - ingredientes farmacêuticos - e formulações feitas com esses ingredientes vão ser restringidas com efeito imediato”. Contudo, não esclareceu qual a extensão dessas restrições. A limitação da exportação pode levar a “uma escassez nos próximos dois meses”, disse o presidente do Conselho de Promoção e Exportação de Produtos Farmacêuticos da Índia, Dinesh Dua, citado pela Reuters. Nos Estados Unidos, as importações indianas representam cerca de 24% dos medicamentos e 31% de ingredientes para medicamentos. Dua mostrou preocupação com a restrição e declarou que “se o coronavírus não for contido, poderá haver uma escassez aguda” de medicamentos. Os especialistas afirmam que ainda não é possível perceber de que forma essa restrição vai interferir na disponibilidade dos medicamentos nos países que importam da Índia e dependem da China. O governo indiano garantiu que existem estoques suficientes para os próximos três meses. Os fabricantes de medicamentos têm o hábito de manter, para dois ou três meses, o estoque de “ingredientes-chave”. Contudo, com o fechamento das fábricas em Hubei, esse estoque “vai começar a diminuir”, acrescentam os especialistas. “Se existir potencial escassez de medicamentos críticos, é preciso tomar medidas para garantir que voltem a estar disponíveis para os cidadãos”, afirmou o ex-chefe da unidade indiana da farmacêutica Novartis AG, Ranjit Shahani. Fonte: Agência Brasil |