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09/07/2019
Brasil quer ganhar posições na produção mundial de cacau e chocolate
 

A história da lavoura cacaueira no Brasil é permeada por momentos de altos e baixos. O país que já foi o maior exportador de cacau, hoje figura na sétima posição no mercado mundial, mas com perspectivas de aumentar sua participação, principalmente na venda de produtos com maior valor agregado, como chocolate fino.

Ainda na década de 70, a produção de cacau no Brasil subiu de 164,6 mil toneladas para 336,6 mil toneladas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na década de 80, a produção chegou ao recorde nacional, atingindo 458,7 mil toneladas, com mais de 655 mil hectares de área colhida, no ano de 1986.

Na época, o volume alçou o país à condição de maior produtor de cacau do mundo. E nos anos 2000, a produção regrediu ao patamar abaixo de 200 mil toneladas e, desde então, vem oscilando até atingir a média atual de 250 mil toneladas por ano.

DEFASAGEM

A queda na produção brasileira ocorreu de maneira inversamente proporcional ao crescimento da indústria nacional de processamento das amêndoas e fabricação de chocolates.

Em 2018, o Brasil importou 62,4 mil toneladas de amêndoas de cacau de países do continente africano, que é o maior produtor mundial. Mais de 90% da importação são provenientes de Gana e o restante da Costa do Marfim, de acordo com balanço da AIPC.

O levantamento mostra também que, no ano passado, o Brasil comprou mais de 85 mil toneladas de chocolate, sendo que a maior parte veio da Suíça, e 35,5 mil de derivados de cacau, principalmente da Indonésia, Holanda e Costa do Marfim. Já o volume brasileiro exportado de amêndoas de cacau em 2018 foi de 616 toneladas. Os principais compradores da commodity brasileira são Japão, França e Holanda.

Já as exportações de chocolate apresentaram um volume de 28,8 mil toneladas no ano passado, com destinação majoritariamente para Argentina, Paraguai e Bolívia. “A exportação brasileira de chocolate é muito grande, foi exatamente isso que tornou esse PIB de R$ 24 bilhões”, diz Manfred Muller, coordenador-geral de Administração, Finanças, Pesquisas, Extensão e Desenvolvimento da Ceplac.

EXPECTATIVA DE EXPANSÃO

O cenário nacional ainda está em fase de recuperação, mas os especialistas e produtores apostam que a cadeia produtiva do cacau já tem condições de retomar o mesmo ritmo de décadas anteriores. A expectativa é que a produção ultrapasse a capacidade de moagem nos próximos cinco anos.

Para atingir a meta, os produtores investem em novas potencialidades de todas as etapas da cadeia, em especial no beneficiamento das amêndoas pós-colheita para fabricação de chocolate de qualidade especial.

Além de desenvolver a cultura desde o campo até a industrialização, o Brasil vem se destacando no crescimento da produtividade dos cacaueiros por hectare e na qualidade das amêndoas.

“A grande vantagem do Brasil na área da cacauicultura é que nenhum país do mundo tem todos os elos da cadeia produtiva do cacau. O Brasil é produtor, é moageiro, tem indústria de processamento e é consumidor de chocolate”, destaca Muller.

Apesar dos problemas com estiagem nos últimos anos, preço baixo e pragas, a Bahia continua com peso importante na produção nacional, em razão do aumento da produtividade por hectare e a promoção da verticalização da cadeia produtiva no sul do estado, onde já existem 70 marcas de chocolate derivadas do cacau de origem.

Mas, quando se fala em produtividade, é no Pará que os dados mais recentes apontam forte crescimento. A participação do estado no cenário nacional passou de 18%, em 2005, para 53% em 2018.

Segundo os especialistas, os cacauicultores do Pará têm encontrado condições favoráveis para produção e recebido incentivos do governo local. Na Bahia, a administração estadual também tem uma proposta de dobrar a produção até 2022, passando das atuais 120 mil toneladas para 240 mil ou até 270 mil toneladas por ano.

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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