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06/10/2010
Aumento de IOF não inibe estrangeiros
 
Entrou em vigor nesta terça-feira aumento de IOF para investimentos estrangeiros em renda fixa, de 2% para 4%. A medida, porém, não deve chegar a inibir as aplicações vindas de fora.

São Paulo – A decisão do Ministério da Fazenda, de elevar de 2% para 4% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros em renda fixa, não deve chegar a inibir esse tipo de aplicação no Brasil. A sinalização de que a medida não chegará a diminuir os fluxos ocorreu já nesta terça-feira (5), quando o dólar seguiu se desvalorizando no mercado brasileiro. Na segunda-feira (4), a moeda norte-americana (comercial) fechou cotada a R$ 1,691 e às 13h12 desta terça-feira estava em R$ 1,677.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, resolveu aumentar a alíquota de IOF para impedir o aumento da entrada de dólar no país, o que vem depreciando a moeda norte-americana diante do real e pode prejudicar as exportações brasileiras. O gestor de renda fixa da corretora de valores Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno, explica que os juros, no entanto, estão muito baixos em outras partes do mundo, como Estados Unidos, o que faz com que, mesmo com o aumento de IOF, os investimentos em renda fixa no Brasil sejam vantajosos para estrangeiros.

O que o governo pretendia era inibir as operações de “carry trade”, na qual o investidor toma recursos em um mercado de juros baixos, como, por exemplo, Estados Unidos e Japão, e aplica no Brasil, onde os juros ainda são consideravelmente maiores. No Brasil, a taxa anual de juros está em 10,75%, enquanto que nos EUA é de 0,25%. O Japão anunciou nesta terça-feira a queda da sua taxa de juros para 0,1% a zero. Desde 2008 estava em 0,1%. A média da taxa de juros em países desenvolvidos é 0,5%, lembra o secretário geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby.

Agregado ao fato de que algumas agências de risco sinalizam melhorar a classificação do Brasil novamente no primeiro trimestre de 2011, os dólares não devem parar de entrar no mercado do país tão cedo. O gestor de renda fixa da Coinvalores explica que alguns investidores precisam investir em mercados com determinadas classificações e que a melhora do Brasil deve, então, aumentar o número de possibilidades de aplicações no Brasil.

Na renda fixa, os estrangeiros investem no país em títulos públicos federais. Os investidores árabes costumam fazer esse tipo de aplicação no Brasil, afirma Michel Alaby. Segundo ele, porém, assim como para os demais investidores estrangeiros, o imposto maior não deve reduzir a vinda dos árabes ao mercado de renda fixa do país. Mesmo que o IOF chegasse a inibir aplicações de estrangeiros, não traria maiores reflexos para o mercado brasileiro no curto prazo. “A balança de pagamentos consegue se financiar com investimentos diretos”, explica Nepomuceno.
Fonte: MRE
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