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02/08/2016
Brasil paga alto preço por deixar comércio exterior de lado
 

O Brasil está pagando um alto preço por não ter estabelecido uma política comercial adequada para a sua economia na última década, planejada e executada de forma complementar a uma política de competitividade. O país tem baixa penetração no mercado internacional, está desconectado das cadeias globais de setores de alto valor agregado e a internacionalização das empresas brasileiras é ainda lenta mesmo em um cenário de câmbio desvalorizado. De janeiro a junho deste ano, o Brasil exportou US$ 34,4 bilhões, valor 2,38% menor do que no mesmo período do ano passado, e o pior valor desde 2010. No primeiro semestre deste ano, as importações somaram US$ 56,9 bilhões, 27,6% a menos do que de janeiro a julho de 2015. Essa queda na compra de produtos estrangeiros derrubou o déficit na balança de manufaturados de US$ 43,5 bilhões para US$ 22,7 bilhões. Em percentual, a queda representa 47,9%.

“O déficit é resultado da queda das importações, e não pelo aumento da competitividade das exportações brasileiras. O Brasil necessita de uma estratégia previsível e concreta para aumentar a inserção das empresas nacionais no mercado mundial”, diz o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi, explica que os empresários estão percebendo que o comércio exterior tem que ser uma opção de longo prazo e não pode ser um tapa buraco para quando a situação no mercado interno é ruim.

A preocupação da CNI é que o Brasil não fique dependente dos preços das commodities e da desvalorização do câmbio para manter o superávit comercial e superar a desaceleração do mercado interno. Para a entidade, o país passa por um período de ajuste e o comércio exterior é um dos caminhos para a retomada do crescimento. “O momento é de manter a política comercial como prioridade para inserimos definitivamente o Brasil no mercado mundial”, explica Abijaodi.

Para o presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), embaixador Rubens Barbosa, o comércio exterior sempre foi o primo pobre das políticas públicas. Na última década, o país apostou em uma “política equivocada que o isolou do mundo”. E, desta forma, segundo o ex-embaixador do Brasil em Washington, o percentual das exportações no PIB tem caído ano após ano com aumento de grandes distorções, como a redução no número de empresas exportadoras e a concentração das exportações em poucos produtos.

Ainda segundo Rubens Barbosa, o principal empecilho ao aumento da competitividade do Brasil é a falta de acordos comerciais. “O problema é que temos uma situação interna complicada. Temos que negociar acordos para sermos competitivos”, diz Rubens Barbosa em entrevista à Agência CNI de Notícias. Para ele, o empresariado brasileiro terá que enfrentar o dilema de uma maior abertura comercial.

Fonte: Agência de Notícias (CNI)

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