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13/01/2016
Exportação aos árabes cai em receita, mas sobe em volume
 
Preço baixo das commodities influenciou o desempenho da balança em 2015. Saldo comercial foi positivo para o Brasil em US$ 4,99 bilhões, cerca de um quarto do superávit registrado pelo País no ano.
 
As exportações do Brasil para os países árabes tiveram receitas menores, porém, cresceram em volumes em 2015, assim como ocorreu com a balança comercial brasileira em geral. De acordo com dados do período disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e organizados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, as exportações aos árabes somaram US$ 12,1 bilhões em 2015, uma queda de 9,57% em relação a 2014. Em volumes, os embarques cresceram 10,1% para 44,1 milhões de toneladas.

Para o diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, o resultado do ano passado é reflexo da queda no preço das commodities, o que deverá se manter neste ano. Ele acredita que os países do Oriente Médio e do Norte da África estão aproveitando para fazer estoques e negociar preços melhores com os fornecedores. Por estes motivos, os volumes cresceram.

Alaby acredita que em 2016 as exportações brasileiras poderão ter um desempenho melhor do que em 2015. Isso poderá ocorrer porque Arábia Saudita, Catar e Kuwait suspenderam, em novembro do ano passado, o embargo à compra de carne bovina brasileira, que vigorava desde novembro de 2012. A retomada das importações destes três países deverá resultar em um acréscimo de US$ 230 milhões por ano às exportações brasileiras, segundo estimativas da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Para Alaby, os empresários poderão ampliar suas receitas em 2016 se apostarem nas exportações de manufaturados, pois a taxa de câmbio neste momento torna os produtos brasileiros competitivos no exterior. Especificamente para os árabes, ele afirmou que há oportunidades para os fabricantes de calçados, cosméticos, equipamentos médicos, máquinas agrícolas e móveis. “O empresário irá, necessariamente, buscar exportar cada vez mais para manter a produção industrial. Acho que esta é a época dos produtos manufaturados”, afirmou, lembrando, no entanto, que os produtos básicos são itens “essenciais” da pauta de exportações brasileira.

Valores

Em 2015, o principal cliente das exportações brasileiras no mundo árabe foi a Arábia Saudita, que ampliou suas compras. De acordo com os dados do MDIC, os sauditas importaram o equivalente a US$ 2,7 bilhões, com expansão de 8,19% sobre 2014. Quase metade das compras, US$ 1,3 bilhão, foi de carne de frango.

Os Emirados Árabes Unidos foram o segundo principal destino em valores importados, com compras de US$ 2,5 bilhões, ou 12% a menos do que em 2014. Carne de frango e açúcar lideraram entre as compras dos Emirados Árabes. O Egito, terceiro principal importador em valores, comprou US$ 2 bilhões, com redução de 11,1% em relação a 2014. Os principais gastos dos egípcios foram com carne bovina, cereais e oleaginosas, como a soja, e açúcares.

Argélia, Omã, Marrocos, Catar, Bahrein, Iraque e Tunísia completam a lista dos dez maiores clientes árabes de produtos brasileiros. Destes, os únicos que importaram mais em valores em 2015 foram o Iraque a Tunísia. Todos os outros reduziram os gastos.

Volumes

Omã foi o principal importador em volumes. Das 11,07 milhões de toneladas importadas pelo país do Golfo, 10,9 milhões de toneladas foram de minério de ferro, um crescimento de 6,2% sobre 2014. A mineradora brasileira Vale tem uma unidade no país e envia minério para ser processado nesta unidade antes de ser distribuído na região e em países asiáticos.

Os Emirados foram o segundo maior cliente em volumes, com importações que somaram 6,8 milhões de toneladas, ou 19,2% a mais do que em 2015. Em volumes, o principal produto exportado pelo Brasil aos Emirados foi o minério de ferro, seguido por açúcar, óxidos e hidróxidos de alumínio e carne de frango.

A Arábia Saudita, que liderou as importações em valores, foi o terceiro principal comprador em volumes. Os sauditas compraram 5,6 milhões de toneladas em produtos do Brasil no ano passado, com expansão de 6% sobre 2014. Minério de ferro, cereais e oleaginosas, açúcar e carne de frango lideraram entre os produtos importados pelos sauditas.

Egito, Bahrein, Argélia, Marrocos, Catar, Tunísia e Iraque completam a lista dos dez principais importadores em volumes. Tunísia e Iraque ampliaram suas compras em 42,7% e 329,5%, respectivamente. Nos dois casos, a expansão foi impulsionada por compras de açúcar.

Importações

As importações brasileiras de produtos do Oriente Médio e do Norte da África caíram 37,5% em valores e somaram US$ 7,1 bilhões no ano passado. O saldo comercial em 2015 foi positivo para o Brasil em US$ 4,99 bilhões, um aumento de 253,3% sobre 2014. O valor representa cerca de um quarto do superávit registrado pelo País no ano passado. A corrente comercial do período foi de US$ 19,2 bilhões, uma retração de 22,4% em relação ao desempenho do ano anterior.

A Arábia Saudita foi o principal fornecedor do Brasil entre os países árabes, com vendas que somaram US$ 1,9 bilhão, sobretudo de combustíveis. A queda nas vendas dos sauditas para o Brasil foi de 42,2% em comparação com 2014.

O segundo principal fornecedor foi a Argélia, país que exportou US$ 1,8 bilhão ao Brasil, ou 37,5% a menos do que em 2014. O principal produto embarcado pelos Argelinos também foi combustível. O Catar foi o terceiro principal exportador em valores ao Brasil, com vendas que somaram US$ 960,5 milhões e cresceram 44,5% em comparação com 2014. Do total exportado pelo Catar, US$ 469,7 milhões foram em combustíveis e US$ 450 milhões, em fertilizantes.

Dezembro

Em dezembro, as exportações do Brasil aos países árabes somaram US$ 1,1 bilhão, redução de 0,94% em comparação com dezembro de 2014. Em volumes, as exportações foram de 4,1 milhões de toneladas, com alta de 16,6% sobre dezembro de 2014, segundo os dados do MDIC. As importações a partir dos países árabes somaram US$ 544,7 milhões, com queda de 40,3%. Em volumes, foram de 1,5 milhão de toneladas, ou 0,6% menores do que um ano antes.

Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA) 
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