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06/05/2015
Brasil e Tunísia discutem dobrar comércio
 
Seminário com empresários e autoridades dos dois países abordou a diversificação dos negócios bilaterais. Corrente comercial somou US$ 310 milhões no ano passado.
 
Aurea Santos
aurea.santos@anba.com.br
 
São Paulo – Brasil e Tunísia querem diversificar suas pautas de exportações e aumentar a corrente comercial bilateral. Este foi o principal tema abordado no seminário Brasil-Tunísia: Perspectivas de Cooperação Econômica e Comercial, realizado nesta terça-feira (05) na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
 
“Nossa corrente comercial não ultrapassa US$ 500 milhões e esse número é extremamente modesto”, apontou Hassine Bouzid, presidente do Conselho Empresarial Brasil-Tunísia pelo lado tunisiano. Em 2014, o intercâmbio comercial entre as nações ficou em US$ 310 milhões.
 
“Digo que os números são modestos porque existe potencial para aumentar esse número tanto no Brasil quanto na Tunísia. São relações fortíssimas [que existem entre as duas nações] e ambicionamos nos próximos anos chegar ao dobro e, porque não, chegar a US$ 1 bilhão”, destacou Bouzid, que foi embaixador tunisiano em Brasília de 2000 a 2005.
 
Em sua apresentação, Bouzid destacou setores em que a Tunísia poderia expandir suas exportações ao Brasil, que atualmente são concentradas em produtos como fertilizantes, aparelhos e materiais elétricos e produtos químicos.
 
Para ele, seu país poderia fortalecer as vendas de autopeças e peças de avião, realizar projetos em parceria na produção de medicamentos, incentivar o turismo entre as duas partes, além de promover investimentos recíprocos.
 
O evento foi realizado na presença de empresários brasileiros e também alguns tunisianos, que vieram ao Brasil para expor na feira da Associação Paulista de Supermercados (Apas), que acontece até quinta-feira (07).
 
Marcelo Sallum, presidente da Câmara Árabe, apontou as recentes mudanças ocorridas no cenário político da Tunísia e que devem beneficiar investidores interessados em atuar no país.
 
“A Tunísia tem mostrado uma enorme capacidade de transformação. Aprovou recentemente uma nova constituição, tem realizado um forte esforço para aprimoramento de sua infraestrutura, parque industrial, educação e bem estar social, e possui importantes acordos celebrados com os países árabes e a Comunidade Europeia”, ressaltou.
 
“Existem enormes oportunidades de negócios e uma forte simbiose entre os dois países, não só no âmbito comercial, como também em investimentos, turismo e saúde”, acrescentou.
 
Sabri Bachtobji, embaixador da Tunísia em Brasília, lembrou os resultados das eleições ocorridas em seu país em 2014, que elegeram um novo presidente, Beji Essebi, e um novo Parlamento, com a formação de um governo de coalizão liderado pelo primeiro-ministro Habib Essid.
 
“Essas novas instituições, cujo mandato é de cinco anos, inauguram a Segunda República sob o lema da estabilidade, condição essencial para qualquer tentativa de alcance de bons resultados. Trata-se de um importante marco na história do país que tem que se incorporar à democracia, à prosperidade econômica e à solidariedade social. Isso coincidiu com uma fase semelhante pós-eleitoral no Brasil que nos dá todos os motivos de aspirar a um verdadeiro impulso em nossos relacionamentos”, afirmou.
 
Lanier de Morais, chefe da assessoria comercial do escritório do Itamaraty em São Paulo, apontou que em 2014 a Tunísia foi o 80° parceiro comercial do Brasil e lembrou que a corrente comercial entre os países já foi maior. “O pico do volume de comércio foi de US$ 489 milhões, em 2012. Em 2013, o intercâmbio registrou decréscimo de 12,7% em comparação com 2012. A queda foi devida, principalmente, ao recuo das exportações brasileiras de açúcar. Novo recuo ocorreu em 2014, em 27,3%”, disse.
 
O diplomata falou também sobre o potencial de investimento entre as duas nações. “O nível de investimentos entre o Brasil e a Tunísia é considerado aquém do potencial oferecido pelos dois mercados, o que recomendaria reforçar a cooperação entre as respectivas agências de promoção de investimentos e os contatos entre as comunidades empresariais brasileira e tunisiana”, ressaltou.
 
Riadh Attia, diretor-geral adjunto do Centro de Promoção das Exportações da Tunísia (Cepex), mostrou dados sobre o comércio e o os investimentos em seu país. “A Tunísia exporta para 167 mercados e a França é o país que mais investe na Tunísia, seguida pela Itália e Alemanha”, disse.
 
De acordo com o executivo, os países da União Europeia são os principais parceiros econômicos de seu país, enquanto o comércio com as nações da América do Sul não ultrapassa 1% das exportações tunisianas.
 
Michel Alaby, diretor-geral da Câmara Árabe, falou sobre a importância da influência do setor privado nas negociações de um acordo de livre comércio entre a Tunísia e o Mercosul. “É hora dos empresários brasileiros tentarem influenciar nas negociações. Assim como dos tunisianos influenciarem para que Tunísia e Mercosul baixem suas tarifas”, avaliou.
 
Conselho Empresarial
 
Na quarta-feira (06), ocorrerá a assinatura da renovação do Conselho Empresarial Brasil Tunísia. O órgão foi criando em 15 de março de 2002 e estava com suas atividades paralisadas há alguns anos. Na tarde desta terça, uma reunião entre os membros iria definir os termos e as atividades do conselho.
 
“O objetivo desse conselho é ver como podemos diversificar, fomentar e consolidar o volume de intercâmbio comercial, porque o que temos agora é muito pouco se compararmos com nossa ambição e com a qualidade de nossa relação política. Temos que multiplicar as reuniões entre os empresários das duas partes”, afirmou Bouzid.
 
Segundo ele, devem ser realizadas ações para a promoção de exportações de autopeças, peças de aviões, produtos elétricos, mecânicos e outros.
 
Rubens Hannun, vice-presidente de Comércio Exterior da Câmara Árabe, assume como presidente da parte brasileira do conselho, que terá a participação de sete associações setoriais brasileiras e sete da Tunísia.
 
“Teremos que estabelecer metas quantitativas de aumento das relações comerciais, e isso envolve setores como turismo, que tem toda uma potencialidade que temos que trabalhar fortemente. Também temos que incrementar a importação de azeite e tâmaras”, afirmou Hannun, que apontou ainda a importância do aumento das exportações de eletroeletrônicos e produtos farmacêuticos, além da realização de projetos conjuntos.
 
“Na Câmara Árabe temos um projeto médico que está começando pela Tunísia, onde o Hospital Sírio Libanês está levando um conhecimento para fazer transplante de fígado, e isso leva junto produtos farmacêuticos, hospitalares, móveis. Tudo isso vem junto com esse projeto. Também é importante aumentar a participação brasileira em missões e feiras na Tunísia”, completou.
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